marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 53

Outro detalhe salientado por Clara é o gosto por presentear
as pessoas. Marighella poderia esquecer uma data de aniversário,
a do próprio casamento, mas não raro surpreendia com alguma
lembrança. Sobre esse aspecto, podemos verificar em carta ende-
reçada ao irmão Caetano, residente em Salvador, datada do mês
de fevereiro de 1960, na qual relata as novidades. Não se esqueceu
de relembrar ao irmão o dia 14 de janeiro, data em que se come-
morava o aniversário de Caetano. Assim escreve: “Não esqueci o
14 de janeiro. Seu presente está comigo e logo você o receberá”.^62
Aliás, o acesso à família sempre esteve presente, dentro dos limites
impostos pela atividade política. A irmã Tereza, então no Rio de
Janeiro, recebia a visita de Marighella algumas vezes. Num desses
encontros coincidiu ser aniversário de seu filho, José Augusto, e
de sua filha Regina Lúcia. O filho completaria cinco anos e a filha
um ano. Como as datas eram próximas decidira-se fazer a festa
conjunta. Na hora de cantar o parabéns, José Augusto pilheriou,
queria o aniversário só para ele, chegou a puxar a toalha em tom de
inocente protesto. Marighella, que estava acompanhado de Clara,
se divertiu muito com o fato. Pegou um guardanapo e escreveu um
verso parodiando uma peça de teatro em cartaz no Rio de Janeiro.
Tereza recorda:


“No dia de seu aniversário
José Augusto Teixeira
chorava de fazer dó!
encenando aquela peça:
bububu no bobobó”.^63

(^62) Carta manuscrita de Carlos Marighella ao irmão Caetano Marighella. Edições Con-
temporâneas: Rio de Janeiro, 02.02.1960.
(^63) Depoimento de Tereza Marighella colhido pelo autor em 30.07.1998.

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