marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 79

para “o pedido de providências reacionárias, como a cassação das imu-
nidades e dos próprios mandatos dos representantes comunistas”.^102
Na mesma sessão Marighella tratou da inserção do imperialismo
estadunidense em setores estratégicos da indústria brasileira, como a
usina siderúrgica de Volta Redonda:


a comissão de técnicos que lá esteve, incumbida de ensinar aos operários
brasileiros os segredos da siderurgia, ao esgotar-se o prazo estipulado nos
contratos, chegou a uma solução que não pode, em hipótese alguma,
servir aos interesses nacionais, isto é, os técnicos brasileiros, formados
por essa comissão, tiveram de ser despedidos, para que outros operários,
formados por essa comissão, fossem admitidos e recebessem novamente
instruções dos estadunidenses, que por esse meio, conseguiram renovar
seus contratos, permanecendo, ainda, dentro do Brasil, de onde já deviam
ter se retirado.^103
Ainda sobre o imperialismo, Marighella discorreu sobre a in-
dicação de técnicos estadunidenses para elaborarem projetos de lei
referentes ao petróleo. Os técnicos indicados pela embaixada dos
Estados Unidos no Brasil pertenciam a Standard Oil Company of Bra-
zil: era o mesmo que colocar raposa para tomar conta de galinheiro.
A nomeação fora atendida pelo governo Dutra e, diante de tal fato,
Marighella indagou:


não compreendo, Sr. Presidente, como, para fazer projetos de lei, o governo
tenha de encomendar técnicos à Standard. Se isso não é prova de que o
imperialismo estadunidense está interferindo na vida do país, então não sei
o que é imperialismo, nem o que é dignidade dos representantes do povo,
nem soberania de uma assembleia como esta, em que temos assento.^104

(^102) Op. cit. Discurso de Carlos Marighella proferido em Sessão Parlamentar, jun. 1947,
p. 462.
(^103) Idem, p. 463.
(^104) Idem.

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