marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 87

ocupava, com raras exceções, a coluna denominada “Nossa Política”.
Uma espécie de análise conjuntural dos últimos acontecimentos ao
nível internacional e nacional. Em algumas ocasiões é possível en-
contrar discursos de Carlos Marighella na Câmara dos Deputados
ocupando essa coluna. Num desses artigos, da edição referente a
janeiro de 1948, Marighella – após fazer uma breve exposição sobre
a bipolaridade da guerra fria identificando a União Soviética como
nação expoente da democracia e do anti-imperialismo, e os Estados
Unidos como artífice da antidemocracia e do imperialismo – relatou
a situação pela qual o governo Dutra ia desenvolvendo a política de
coerção das forças democráticas no país. Marighella afirmava que
no Brasil a correlação de forças, daquele momento, era brutalmen-
te a favor da reação, ou seja, do latifúndio e do imperialismo.^118 A
partir daí situou as medidas antidemocráticas tomadas pelo governo
Dutra, como: “o fechamento da Confederação dos Trabalhadores do
Brasil, do Partido Comunista e da União da Juventude Comunista;
rompidas as relações com a União Soviética, empastelados e ataca-
dos a tiros ‘O Momento’, a ‘Tribuna Popular’, o ‘Hoje’ – três dos
mais combativos órgãos da imprensa popular”. Prosseguia o artigo
chamando a atenção para os recursos legais utilizados pelo governo
Dutra que culminariam na cassação dos mandatos comunistas em
todos o país:


Ressuscitou-se a Lei de Segurança Nacional do Estado Novo, prendem-se
e condenam-se jornalistas com essa lei caduca dos tempos do fascismo,
reprimem-se a bala os comícios, decretam-se intervenções em sindicatos,
que são controlados pela polícia. Por último, cassam-se os mandatos dos
parlamentares comunistas e são por esse meio expulsos das Assembleias
Legislativas do país 78 representantes do povo.^119

(^118) MARIGHELLA, Carlos. “Nossa Política”. Revista Problemas, Rio de Janeiro, ano 1,
nº 6, pp. 1-5, jan. 1948.
(^119) Idem, p. 3.

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