marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 97

os metalúrgicos. Os trabalhadores só cessariam o movimento se as
lideranças detidas pela greve fossem libertadas, o que ocorreria até o
dia 29 de abril de 1953.^141
A segunda metade da década de 1950 abre uma crise nos partidos
comunistas de todo o mundo. O motivo básico se concentra nas re-
velações ocorridas no 20º Congresso do Partido Comunista da União
Soviética, em fevereiro de 1956, pelo primeiro secretário do Partido,
Nikita Kruschev, que denunciara os excessos do culto à personalidade
e as atrocidades cometidas durante o período do estalinismo. Após
a morte de Stalin em 1953, criou-se na cúpula do poder soviético
uma diretriz política que esvaziaria os principais órgãos de segurança:
“menos de seis meses depois da morte de Stalin, a polícia política e
outros órgãos que dispunham de elevado grau de autonomia, como
Estados dentro do Estado, tinham sido desativados ou colocados sob
controle”.^142 Nikita Kruschev, na ânsia de reestruturar o papel do
Partido Comunista Soviético e se contrapor à hegemonia do poder
do Estado, divulgou, no XX Congresso, um informe secreto que
revelaria ao mundo, e aos próprios russos, a dualidade do líder do
socialismo soviético:


Stalin, canonizado até então como o principal líder e guia do socialismo
contemporâneo, que, pelos seus méritos, chegara a obscurecer os grandes
do passado, e que repousava placidamente ao lado de Lenin no suntuoso
mausoléu da Praça Vermelha, não passara de um déspota liberticida, um
criminoso de Estado, cruel e sanguinário, um tirano.^143
A tentativa de fazer um informe de tamanha importância se tor-
nar secreto foi frustrante, pois logo as notícias correriam as redações
da imprensa mundial. O Brasil não tardaria a receber a informação.


(^141) COSTA, Hélio. Op. cit., p. 178.
(^142) REIS FILHO, Daniel Aarão. Uma Revolução Perdida: a história do socialismo soviético.
São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1997.
(^143) REIS FILHO, Daniel Aarão. Op. cit., p. 197.

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