VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA Nº 6

(MARINA MARINO) #1

Os temas que você
aborda em seus poemas são
forte crítica social e política,
correto?Podemoschamarseu
poema de engajado, ou não
gosta de rótulos? Escreve
também poemas mais
intimistas?


Não me incomodam os
rótulos. Eles são formas de
tentar se apropriar e entender
osfatoseaspessoas.Todavia,o
riscoderotularresidenapressa
com que se tenta definir
alguém, muitas vezes sem
conhecer asnuanças, variações
e versatilidades que têm toda
natureza. Minha escrita visa
expressar a profundeza da
natureza humana, seus
encantos e suas dores.
Geralmente, quando me
aproximodasdoreséqueacabo
meentrelaçandocomapolítica.
Porqueali resideasolução e a
causa dos sofrimentos sociais.
Emverdade, prefiro me definir
comonaminicrônicaaolado.


SOU UM ANIMAL POÉTICO... PARA
QUEM A POLÍTICA?

Souumanimalpoético,paraquema
política ésó uma aresta nem delonge a
faceprincipal.Seelasedestacaeleva-me
muitas vezes a me ver envolvido em
contendasmedíocresdomundopolíticoé
porque minha palavra poética carregada
de sentidos muitas vezes torna-se
antagônica no universo do cotidiano,
ferindo e espicaçando seres de ação
escusa, delinquentes da boa convivência
social que veem na teia das relações
humanas o terreno fértil a suas
manipulações. Com seu olhar rasteiro,
comorapinasdocapim,são incapazesde
atingir o ápicedo fulgor poético onde a
palavra lambea pérola daostra e revela
numlusco-fuscooshúmusdohumano.

Souumanimalpoético,paraquema
política é só uma sombra demasiado
humana. Seela se elevaem meus diasé
que tal qualummata-borrãosugao leite
negrodolápiscomquegrafocadapalavra,
roubando à poesia sua luminescência
transcendentee libertária.Seéa política
que refleteosignificadodohomementre
oshomens,apoesialibertaohomemdesi
mesmo e transporta-o ao universo
constelarondeoactovirafactoeasombra
dadúvidaseilumina.
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