Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1

Sufoco a Hong Kong


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Ditadura comunista chinesa mostra que pretende
eliminar qualquer vestígio de oposição na ilha


A prisão de mais de 50 ativistas pró-democracia em
Hong Kong, na quarta-feira (6), deixa explícita a
disposição do regime chinês de não apenas sufocar os
protestos pacíficos na ilha, como já vinha fazendo, mas
também impedir qualquer tipo de oposição ali.


Acusados de subversão sob a draconiana nova lei de
segurança nacional, os ativistas foram detidos por
participarem, no ano passado, de primárias
independentes que definiriam os candidatos
oposicionistas para as eleições legislativas de setembro,
adiada sob a justificativa de riscos de disseminação do
novo coronavírus.


Para as autoridades de Hong Kong, entretanto, a
intenção do grupo de conquistar a maioria na legislatura
municipal - abrindo a possibilidade de bloquear
propostas do governo pró-Pequim - não passaria de
uma tentativa de causar "graves danos" à sociedade
local.


O recado não podería ser mais claro: o mero
engajamento em processos eleitorais já severamente
restritivos, como objetivo de exercer o direito legislativo
de veto, será considerado um crime contra a segurança
nacional.

Esse recrudescimento da repressão se dá num contexto
já amplamente favorável à ditadura comunista. Apenas
metade dos 70 membros do Conselho Legislativo de
Hong Kong são escolhidos por voto direto, sendo os
demais indicados por grupos alinhados à China.

Vistas em perspectiva, as novas prisões são a mais
grave ação governamental até aqui no sentido de
eliminar qualquer vestígio de oposição nas instituições
da ilha.

No ano passado, as autoridades já haviam impedido
vários candidatos pró-democracia de concorrer nas
eleições. Em novembro, ademais, o governo expulsou
quatro membros oposicionistas do conselho por
esposarem ideias independentistas, na interpretação
oficial. Os demais integrantes do grupo renunciaram em
protesto.

Tais medidas representam um ataque direto ao princípio
de autonomia garantido pela Lei Básica de Hong Kong e
sugerem que o pleito, se vier a ser realizado, será um
evento meramente decorativo.

Condenado mundo afora, o ato de repressão chinesa
mereceu palavras duras do próximo secretário de
Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Não será
surpresa, pois, se os desdobramentos do caso vierem a
se tornar o primeiro foco de conflito entre as duas
superpotências após o início do governo do democrata
Joe Biden.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
Free download pdf