Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1
Carissa Véliz É preciso acabar com o modelo digital baseado nos dados
pessoais

Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Entrevista da 2ª
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Roberto Dias


são paulo As empresas de tecnologia jamais nos
informaram corretamente como usavam nossos dados,
e o mundo subitamente se descobriu vivendo no
capitalismo de vigilância. Chegou a hora de dar um
basta.


É duro assim o recado de Carissa Véliz, estudiosa de
questões éticas do mundo digital.


"Os seres humanos precisam de privacidade", afirma
ela em seu livro "Privacidade é Poder". Não é tarde
demais para retomarmos a nossa, diz.


A quebra da privacidade está no DNA dominante dos
modelos de negócios das grandes empresas de
tecnologia. Quando você faz uma busca ou posta em
uma rede social, suas preferências, desejos, gostos,
tudo é gravado e utilizado comercialmente, em sites,
aplicativos e aparelhos muitos distantes da navegação
inicial.


O predecessor de tudo isso, como explica a professora
de Oxford, é o Google. O modelo da busca na virada
dos anos 1990 para os 2000 evoluiu muito. "Se os
carteiros lessem nossas cartas da maneira que o Gmail
faz, iriam para a cadeia", escreve.

O poder econômico das big techs é facilmente
conversível em poder político, e a ascensão e queda de
Donald Trump está aí de exemplo.

Essa simbiose deve muito ao 11 de Setembro. Sem os
atentados, talvez a história tivesse seguido curso
diferente.

"A extensão da vigilância governamental depois do 11/9
é espantosa. A NSA [agência do governo americano]
coletou dados de Microsoft, Yahoo!, Google, Facebook,
YouTube, Skype, Apple, entre outras, num programa
chamado Prism. Isso incluía emails, fotos, vídeos,
conversas em áudio e histórico de navegação."

Areação a isso depende das pessoas, defende Carissa.

A sra. argumenta que privacidade é uma forma de
poder. Poderia explicar? Podemos pensar no poder
como algo análogo à energia. Pode se transformar de
uma forma em outra. Por exemplo, se você tem poder
econômico, isso pode ajudá-lo a conseguir poder
político.

Os dados são outra forma de poder. Podem levá-lo a
ganhar poder econômico (como no caso do Google) e
poder político (como no caso das campanhas políticas
orientadas pelos dados).

Na era digital, quem tiver dados terá poder. Se damos
nossos dados a empresas de tecnologia, os ricos
comandarão nossa sociedade. Se damos aos governos,
corremos o risco de tendências autoritárias. Apenas se
o grosso do poder (e dos dados) estiver nas mãos dos
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