Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Entrevista da 2ª
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Quão rapidamente a consciência sobre a privacidade
está ganhando corpo pelo mundo? Há algum país à
frente?


Numa pesquisa recente que fiz com uma colega, Sian
Brooke, descobrimos que 92% das pessoas haviam tido
alguma má experiência relacionada à privacidade
online. Como resultado do acúmulo de más
experiências, estamos ficamos mais conscientes sobre
a importância da privacidade. A Alemanha talvez seja
um dos mais países mais conscientes sobre isso no
mundo, possivelmente por causa de sua história com a
Stasi (polícia secreta da antiga Alemanha Oriental).


O Facebook tem a privacidade de seus usuários como a
mais baixa prioridade em sua lista, segundo a sra.
argumenta. O poder público está fazendo o que é
necessário em relação ao Facebook?


Não, os reguladores ainda não estão fazendo o
necessário em relação ao Facebook. Mas a empresa é
alvo atualmente de várias investigações e processos
mundo afora. O resultado deles pode ser importante no
caminho para regular as big techs.


Como a sra. lembra no livro, a Folha parou de publicar
em sua página no Facebook, três anos atrás, num raro
movimento. Por que a mídia tem tanto medo de agir
contra o controle de informações pelas big techs?


Porque as empresas de tecnologia são grandes e
poderosas. Transformaram-se em mediadores entre os j
ornais e seus leitores, com muitas pessoas recebendo
suas informações pelas redes sociais. Os jornais temem
que, se não aceitarem as demandas e os caminhos
traçados pelas big techs, serão simplesmente deixados
de lado.


A sra. se preocupa porque mais e mais pesquisa
acadêmica é financiada por empresas de tecnologia.
Essas pesquisas, assim como o trabalho de ONGs
também bancadas por big techs, guia o debate e
políticas públicas. Como lidar com isso?


Precisamos criar zonas de proteção entre pesquisa,


política pública e empresas de tecnologia. Isso é parte
do caminho para limitar o poder delas. Se as big techs
querem financiar pesquisa, então isso precisa ocorrer
por mediadores que garantam que esse dinheiro
chegará sem amarras.

Nós não podemos permitir que as big techs ditem a
agenda da sociedade, porque elas não têm o interesse
público no coração. Se querem dar dinheiro para
melhorar a sociedade, que paguem seus impostos.

Os dados pessoais não são o tipo de coisa que deveria
ser comprada e vendida

Desde o comecinho, a vigilância na era digital tem sido
um empreendimento público-privado. A arquitetura da
vigilância que estamos construindo poderia ser o
andaime de um regime autoritário quase invencível

Não podemos permitir que as big techs ditem a agenda
da sociedade

Carissa Véliz

É professora no Instituto para Ética em Inteligência
Artificial na Universidade de Oxford. Escreveu "Privacyis
Power" (Privacidade é Poder, sem i previsão de
lançamento no Brasil) e está editando o "Manual de ;
Oxford para Ética Digital"

Como proteger sua privacidade?

Algumas dicas do livro "Privacidade é Poder"

Quando for postar algo, pergunte-se como isso pode ser
usado contra você

Se você quer quer os estudantes debatam livremente na
sala de aula, não permita que os alunos gravem ou
postem o que ocorre ali

Pense duas vezes antes de comprar um assistente
digital como Alexa ou Google Home. Se você já tem um,
pode desconectá-lo. Vira um ótimo peso para papel
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