Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1

Para 2021 ser o ano do clima


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: LIZ DAVIDSON


Os livros de história são permeados por anos decisivos
para a aventura humana na Terra. Espero que, no
futuro, 2021 seja visto como o ano em que enfrentamos
as mudanças climáticas de verdade, com ações
concretas no mundo real. Isso garantirá não apenas o
futuro dos nossos filhos e netos, mas também o nosso.


Há cinco meses, assumi o desafio de liderar
interinamente a missão diplomática britânica no Brasil.
Inspirada pela frase atribuída a Juscelino Kubitschek,
também posso dizer que foram cinco meses que
valeram por cinco anos. Construímos novas parcerias
com o Brasil e reforçamos os diálogos em diversas
áreas, como vacinas, transição energética e inclusão
digital. Nos mais de 6 mil quilômetros que percorrí no
Amazonas, me aprofundei nas complexidades da
região. Acredito que precisamos de um esforço
contínuo, de longo prazo e transparente para diminuir os
alarmantes índices de desmatamento.


Como anfitrião da COP26, o Reino Unido busca liderar
pelo exemplo. Em 2019, nos tornamos a primeira


grande economia a colocar em lei o compromisso de
zerar emissões até 2050. Em dezembro de 2020,
anunciamos nossa NDC (Contribuição Nacionalmente
Determinada), nos comprometendo com uma redução
de 68% das nossas emissões até 2030, usando como
base o ano de 1990. Estas metas são apoiadas por
medidas concretas, como o anúncio de dobrar o
Financiamento Internacional para o Clima (ICF) para
£11,6 bilhões e o fim do apoio ao setor de combustíveis
fósseis no exterior.

Acredito que teremos tido sucesso em Glasgow se
conseguirmos ressignificar uma expressão que aprendi
quando cheguei aqui: não queremos compromissos
para inglês ver.

à medida que nos recuperarmos da pandemia, teremos
uma escolha a fazer: fechar os olhos ou investir numa
retomada econômica verde, resiliente e justa. A boa
notícia é que muitos países já estão seguindo esse
caminho. No mês passado, Reino Unido, França e
ONU, junto com Itália e Chile, realizaram a Cúpula de
Ambição Climática. Ao todo, 75 líderes mundiais
anunciaram novos compromissos. Nos próximos meses,
é esperado que países responsáveis por 65% das
emissões globais e 70% das economias mundiais
tenham se comprometido a alcançar zero emissões.

Esses anúncios indicam que frear as mudanças do
clima é também uma decisão inteligente do ponto de
vista econômico. Pesquisas vêm mostrando que uma
recuperação verde criará milhões de empregos e
impulsionará a economia mundial. O Brasil, aliás, é uma
das nações que mais podem se beneficiar desse
movimento. E o Reino Unido quer continuar trabalhando
com o Brasil para alcançar o compromisso
recémanunciado de zerar emissões até meados do
século.

São todos passos na direção correta. Mas, para colocar
2021 na história, precisamos mobilizar mais atores, e
rápido, como se o futuro do planeta dependesse de nós.
Porque, de fato, depende.
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