Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1
Qual a responsabilidade de corporações e governo em relação à ascensão
das GovTechs?

Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: RODRIGO SOLON Vice-presidente de Setor
Público da Oracle Brasil


O ecossistema de inovação inclui boas ideias, propósito
e, geralmente, tecnologia. Os mesmos adjetivos podem
ser atribuídos às startups. Em 2019, de acordo com a
Associação Brasileira de Startups, o Brasil tinha mais de
12 mil startups dos mais variados segmentos. Neste
universo, um número muito pequeno (menos de uma
centena) pode ser classificado essencialmente como
GovTechs, startups que tem como foco prover soluções
tecnológicas inovadoras para resolver problemas do
setor público.


Embora o mercado de investimentos de startups no país
tenha dobrado em 2020 em relação a 2019, alcançando
cerca de R$ 2 bilhões segundo dados prévios, a área de
GovTechs comemora um recente aporte de R$ 8
milhões feito a uma startup brasileira desse tipo. O valor
é alto para o nicho, mas pouco diante do potencial e do
montante de investimento. A grande pergunta é: por que
um país com tantos problemas considerados públicos e


com um governo que muitas vezes não consegue
prestar um serviço de qualidade às demandas dos
cidadãos, não possui um ecossistema de GovTechs
desenvolvido?

De uma forma geral, o setor público brasileiro se
atentou para o fato de que a tecnologia é uma das
grandes aliadas na resolução dos problemas do
cotidiano do brasileiro. Prova disso é o investimento
feito em TI anualmente. Segundo dados do próprio
governo, juntas, as três esferas governamentais do
poder executivo (municípios, estados e Federação)
investem cerca de R$ 25 bilhões/ano, sendo que de R$
6 a R$ 8 bilhões/ano é somente referente ao governo
federal. A preocupação com o governo digital colocou o
Brasil na 54ª posição na Pesquisa sobre Governo
Eletrônico 2020 da Organização das Nações Unidas
(ONU). Com 194 nações, o estudo mostra ainda que o
país é 20° em oferta de serviços públicos on-line e
apresenta avanço na transformação digital.

Mas como aproveitar essa janela de oportunidades?
Antes de gozar de projetos bem-sucedidos, é preciso
enxergar que os desafios são muitos -- tanto para as
Gov Techs, quanto para o setor público. Se, por um
lado, o tempo de respostas em startups é rápido, por
outro, essa agilidade esbarra no ciclo de vendas moroso
dos governos. Os recursos reduzidos desses tipos de
empresas nem sempre aguentam esperar uma esteira
de negociações e exigências tão grandes do poder
público. Esse é um dos fatores que diminui o apetite de
investidores que miram empresas com probabilidades
de crescimento exponencial.

Do lado dos empreendedores e fundadores de startups,
é importante que se entenda que, quando se fala em
setor público brasileiro, estamos falando de mais de 210
milhões de clientes potenciais. Portanto, a perspectiva
de alcance é enorme, não só do ponto de vista
financeiro, mas também como propósito de
efetivamente mudar a vida das pessoas e gerar impacto
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