Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1

Ano novo com mais pobres


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O Brasil entra em 2021 com cerca de 40 milhões de
pessoas na miséria, indisfarçável legado de quase um
ano de pandemia e de dois anos de desgoverno. O
último balanço oficial, relativo a outubro, apontou 14,06
milhões de famílias em extrema pobreza, isto é, com
renda de até R$ 89 por pessoa. Esse contingente, o
maior desde 2014, correspondia a 39,99 milhões de
pessoas. Os dados são do Cadastro Único para
Programas Sociais (CadÚnico), elaborado pelo
Ministério da Cidadania. As famílias nessa condição
eram 13,50 milhões no começo de 2020, antes da
pandemia, e 13,07 milhões em janeiro de 2019, início do
mandato do presidente Jair Bolsonaro. A covid-19
agravou um quadro já em deterioração.


As condições de emprego já eram muito ruins quando
os primeiros casos de covid-19 foram identificados no
Brasil. No trimestre encerrado em fevereiro de 2020
estavam desocupados 12,3 milhões de trabalhadores,
número correspondente a 11,6% da força de trabalho. A
taxa foi pouco inferior à de um ano antes, de 12,4%.


Em 12 meses o novo governo havia sido inca- paz de
movimentar a economia e de expandir as oportunidades


de ocupação, apesar do apoio manifestado pelo setor
empresarial. O primeiro ano se encerrou com
crescimento econômico de apenas 1,6%, inferior ao de
2018, embora o presidente Michel Temer tivesse
encontrado enormes dificuldades no final de seu
mandato.

As famílias em extrema pobreza identificadas em
outubro eram 47% do total. Na faixa seguinte, com
renda per capita de R$ 89,01 a R$ 178, havia 2,9
milhões, ou 10% das famílias. Na faixa seguinte, com
renda de R$ 178,01 a meio salário mínimo, estavam
21%, ou 6,3 milhões.

Na faixa seguinte, com ganho pessoal acima de meio
salário mínimo, ainda se poderia encontrar um grande
número em condições muito modestas.

O desastre econômico de 2020 e seus efeitos sociais
foram atenuados pelo auxílio emergencial pago até o
fim do ano. A partir de setembro esse auxílio foi
reduzido de R$ 600 para R$ 300 por mês. Mas a ajuda,
embora severamente diminuída, ainda foi preciosa para
as famílias em pior situação.

Além da redução do auxílio emergencial, as famílias
tiveram de enfrentar, no segundo semestre, um forte
aumento da inflação, puxado principalmente pelos
preços da comida, o item de maior peso no orçamento
dos mais pobres. A disparada do custo dos alimentos foi
mostrada claramente por todas as pesquisas.

Exemplo: uma alta de 12,69% acumulada em 12 meses
foi reportada em dezembro pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) em seu Índice de Preços ao Consumidor
(IPC). Esse indicador é parte do Índice Geral de Preços


  • Mercado (IGP-M). A alta poderia ter sido bem maior se
    tivesse ocorrido um repasse mais amplo dos aumentos
    ocorridos no atacado. No caso dos produtos
    agropecuários, o encarecimento em 12 meses chegou a
    49,43%.


Esse tipo de pressão poderá ser menor em 2021, mas
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