Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1

2021, o ano da prova


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Uma pandemia é por definição um fenômeno global e só
pode ser superada globalmente. "Crises como esta",
disse logo no início do cataclismo o diretor da
Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom,
"trazem o pior e o melhor na humanidade." Mas isso
não deve ser interpretado como uma lei natural, e sim
como um chamado a todas as pessoas e povos a
intensificar o melhor e sufocar o pior que têm em si.
Contudo, pela própria mecânica da pandemia, isso só
acontecerá por meio de um esforço coordenado.
"Estamos todos juntos nesta situação", disse Adhanom.
"E só venceremos juntos. Então, a regra do jogo é:
juntos." Mas, passado um ano, terá essa regra sido
seguida?


"A covid-19 é um teste para a cooperação internacional



  • e é um teste no qual o mundo está fracassando." O
    diagnóstico é do secretário-geral das Nações Unidas,
    António Guterres, em artigo para a série O Mundo em
    2021, da revista The Economist. "Com algumas notáveis
    exceções, os países focaram em si mesmos e definiram
    suas próprias estratégias, às vezes em contradição com
    aquilo que seus vizinhos estavam fazendo. Nós vimos
    os resultados. Enquanto os países seguiam em todas as


direções, o vírus seguiu em todas as direções. O
populismo e o nacionalismo, onde prevaleceram, não
contiveram o vírus e frequentemente pioraram
manifestamente as coisas."

O vírus ampliou as disparidades entre os países ricos e
pobres, assim como entre os ricos e pobres em cada
país. A polarização econômica precipitada pela
pandemia inflamou a polarização política que a
precedia. Grupos deixados para trás são tentados a crer
que o capitalismo e a democracia fracassaram.

A devastação causada por um novo micro-organismo é
um símile da devastação causada pelo ser humano no
macro-organismo que é o globo. "Precisamos também
de uma vacina para o superaquecimento do nosso
planeta", lembrou Guterres, que fez ainda outra
comparação: "A violência do vírus mostra a demência
da guerra". No início da pandemia alguns po- vos em
conflito esboçaram um cessar-fogo, mas aos poucos
retomam as hostilidades.

Mesmo em nações desenvolvidas, surtos de
desinformação intensificam os riscos de conflitos civis.
Os protestos do "Black Lives Matter", motivados pela
justa indignação contra a violência racial, rapidamente
degeneraram em violência coletiva e o ano foi
inaugurado com as inacreditáveis imagens de turbas
enfurecidas vandalizando o Capitólio, o coração da mais
longeva democracia do mundo.

As duas superpotências econômicas flertam com uma
nova "guerra fria" e os mecanismos de controle nuclear
se deterioram.

"A cooperação internacional será crucial. Os acordos
realizados há 75 anos preveniram uma muito temida
terceira guerra mundial. Mas o mundo precisa agora de
uma nova geração de governança global", disse
Guterres. "Em um tempo de anarquia no espaço
cibernético, crescimento de desigualdades, retrocessos
nos direitos humanos e um regime de comércio global
inclinado contra os pobres, não estamos mantendo o
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