Baleia, pró-governo na economia, ajustou discurso para atrair oposição
Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência
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Autor: Gustavo Uribe e Julia Chaib
Considerado discreto e avesso a conflitos, o deputado
federal Baleia Rossi (MDB-SP) coleciona histórico de
votações favoráveis ao governo Jair Bolsonaro (sem
partido) na Câmara, mas tem buscado marcar posição
de distância do Executivo.
Deputado pela segunda vez, o paulista votou a favor do
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT),
cujo argumento foi considerado ilegal pelo PT e outros
partidos de oposição.
Agora, para atrair e manter ao seu lado siglas de
esquerda, B aleia adotou em seu vocabulário frases
como o "respeito ao Estado democrático de Direito, às
liberdades e às minorias", como pregou em 23 de
dezembro.
O objetivo é reforçar, como diz o slogan da sua própria
campanha, que a Câmara será independente caso
eleito.
Na semana passada, o deputado falou em retomar o
pagamento do auxílio emergencial e ampliar o Bolsa
Família e irritou o mercado ao não ressaltar que isso só
ocorrería dentro do teto de gastos.
O discurso foi sob medida para a oposição, que defende
o pagamento da ajuda financeira mesmo que para isso
seja preciso estornar o limite de despesas.
Baleia reforçou depois que defende solução dentro do
teto. Mas o mercado foi pego de surpresa com a
declaração inicial.
O próprio emedebista define-se como de perfil centro-
liberal na economia, ajudou a aprovar a reforma da
Previdência e é favorável, por exemplo, à reforma
administrativa enviada pelo Executivo, que promove
uma reestruturação do serviço público.
Baleia também é autor da reforma tributária, sobre a
qual dialogou ao longo dos últimos meses com a equipe
econômica.
Por mais de uma vez, o congressista recebeu convites
para que o partido o MDB passasse a integrar a base de
apoio do governo na Câmara. Baleia, inclusive,
participou de reuniões com os congressistas aliados do
Executivo. O deputado, porém, não cedeu ao Palácio do
Planalto e oficialmente manteve a postura de
independência.
Em campanha, tem o desafio de acentuar ainda mais
essa característica para fazer frente a Arthur Lira (PP-
AL), que tem o apoio de Bolsonaro, e conter
dissidências no bloco de 11 partidos que o lançou e
conta com MDB, DEM, PT, PSL, PSB, PDT, PC do B,
PSDB, PV, Cidadania e Rede.
De acordo com deputados, há defecções não só nas
siglas de oposição, mas nas de centro, como DEM,
PSDB e o próprio MDB.
Em pré-campanha desde meados do ano passado, a
candidatura de Baleia só engrenou no fim de 2020, às