Clipping Banco Central (2020-01-11)

(Antfer) #1

Golpismo de Trump animou Bolsonaro


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Celso Rocha de Barros


Se Lula chamasse o golpe como Bolsonaro chamou, o
Exército o enforcaria


A invasão do Congresso americano por extremistas de
direita inspirou uma nova onda de entusiasmo golpista
entre os boisonaristas, que nunca deixaram de ser
inimigos da liberdade por terem se vendido ao centrão.


Jair Bolsonaro foi o único chefe de Estado do mundo
que apoiou a invasão liderada por milícias racistas,
neonazistas e/ ou adeptas da teoria da conspiração Q
Anon. Bolsonaro foi o único chefe de Estado do mundo
que apoiou uma manifestação de gente vestindo a
camiseta "Camp Auschwitz" Enquanto a invasão
acontecia, Bolsonaro disse que houve fraude na eleição
americana (é mentira) e declarou que "se nós não
tivermos o voto impresso em 2022, nós vamos ter
problema pior que os Estados Unidos".


As instituições deles são mais fortes do que as nossas.
Alguns dias antes da tentativa de golpe, os últimos dez
secretários de Defesa americanos (tanto republicanos


quanto democratas) assinaram um artigo dizendo que
"Os militares americanos não têm nenhum papel na
determinação do resultado das eleições americanas".
Nenhum foi ao Twitter reclamar do julgamento do Lula,
nenhum virou assessor de Toffoli durante a campanha
eleitoral E sem apoio de militar ou policial, cachorrinho
de Olavo não se cria.

Ainda não sabemos se a invasão do Congresso
americano foi o início de um novo movimento golpista
ou o fim do último. A invasão provou que a democracia
americana esteve sob ameaça durante o governo
Trump e certamente estaria sob grave ameaça se
Trump tivesse sido reeleito. Mas ainda não sabemos se
o extremismo reacionário sobreviverá bem sem bons
resultados eleitorais.

Por um lado, o extremismo racista de Trump ajudou a
energizar a base eleitoral democrata e a fez comparecer
em massa para eleger os dois novos senadores do
estado da Geórgia. Não foram quaisquer dois
senadores. Foram os dois que faltavam para que os
democratas ganhassem a maioria no Senado. Muita
gente no Partido Republicano vai perder a tolerância
contra os extremistas de Trump agora que eles
começaram a custar votos.

Por outro lado, o momento trumpista deixou um legado
de degeneração moral no Partido Republicano. A
invasão do Capitólio seria um episódio isolado de
violência, facilmente rechaçável por digamos, a torcida
organizada do Volta Redonda, se não tivesse tido apoio
de republicanos poderosos antes e depois da ofensiva.

O próprio presidente da República incentivou a
radicalização para tentar fraudar a eleição. E, o que é
ainda mais incrível, depois da invasão, 139 deputados e
8 senadores republicanos votaram a favor de moções
que contestavam a vitória de Biden, sabendo que
mentiam. Não há diferença importante entre Trump e os
invasores, ou entre esses 147 e os invasores. O que faz
de 6 de janeiro uma tentativa de golpe não foi a invasão
do Capitólio, foi o fortíssimo encorajamento institucional
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