Placar - Edição 1452 (2019-06)

(Antfer) #1

Junho 2019PLACAR 17


FORA


TITE?


A


final, a Copa América é decisiva para o futu-
ro de Tite? Não era pra ser. Deveria valer
como parte de um caminho para chegarmos
com um time competitivo e vencedor ao Catar, em



  1. Ora, na nossa visão, não há melhor treinador
    no Brasil do que Tite. Uma outra crença é que Tite
    não está no mesmo patamar de outros treinadores
    de grandes clubes europeus, nem das melhores se-
    leções europeias.
    Não jogamos o melhor futebol do mundo faz
    tempo. Não conseguimos emular aqui nem o padrão
    de jogo nem a impetuosidade dos grandes times do
    velho continente, e tampouco construímos gerações
    vencedoras de craques, embora todo craque que
    surja vá para a Europa brilhar e ganhar muita grana.
    Mas voltemos ao Tite. Não é possível imaginar
    que um vexame na Copa América vá passar batido.
    Mas uma derrota digna, embora o embarace, será
    suportável. O discurso de Tite cansou um pouco.
    Muito blá-blá-blá sobre grupo, sobre questões mais
    filosóficas, e menos papo de bola. O boleiro brasilei-
    ro adora isso, embora a maioria jogue fora e lá não
    exista, ao menos no discurso, essa psicologia de bo-
    teco o tempo todo. A importância que se deu ao fato
    de Tite não escalar mais Neymar como capitão foi
    enorme. Uma bobagem: salvo raras exceções, o ca-
    pitão hoje não exerce mais um papel fundamental no
    grupo. Se assim fosse, não deveria ser um cara que
    se comporta como regente de pagodes. O novo
    nome escolhido por Tite, Daniel Alves, nem nesse
    grupo deveria estar, já que em 2022 estará com qua-


se 40 anos. Será que essa “punição” a Neymar serve
como exemplo no grupo, onde todo mundo o adora?
Tite deveria apostar numa reformulação, ou ao
menos no time que poderá levar ao Catar. Isso daria
sentido à Copa América e a qualquer competição
na sequência. Esse deve ser o foco. Ganhar será
consequência de uma boa preparação. Afinal, o
Chile, vencedor das duas últimas edições da Copa
América, nem sequer se classificou para a Copa da
Rússia. Tite tenta equilibrar o momento, apostando
em nomes com quem sabe que não vai contar no
Catar, para ver se ganha o torneio, e um pouco no
futuro. Aposta um tanto quanto estranha.
Em 1989, o técnico da seleção era Sebastião La-
zaroni. Recém-empossado, comandou o time numa
desastrosa excursão na Europa, onde só levamos
pauladas, entre elas uma goleada de 4 x 0 para a
Dinamarca. De volta ao Brasil, Lazaroni cortou al-
guns jogadores, entre eles o centroavante baiano
Charles, o que azedou a relação do torcedor da boa
terra, onde o Brasil iria atuar, com o time. Muitas
vaias depois, o Brasil engrenou e na fase final aca-
bou jogando bem, conquistou três vitórias e o título
no Maracanã. Parecia o credenciamento de Lazaro-
ni como nova fronteira para o nosso futebol. Não
foi. Na Copa de 90, na Itália, quem se lembra, fo-
mos mal, uma participação quase ridícula. Que Tite
monte um time, não um resultado efêmero, do qual
nos lembraremos apenas dando um Google daqui a
algum tempo, quando pesquisarmos para a próxi-
ma Copa América.
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