Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1

Nas entrelinhas


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Política
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O recado da Ford


"Pode-se responsabilizar o governo Bolsonaro pela
saída da Ford do Brasil? Por não ter feito nada para
evitar, sim; mas essa não foi a causa principal"


Neste episódio do encerramento das operações da Ford
no Brasil há mais coisas entre o céu e a terra do que os
aviões da Embraer. A propósito, a mais importante
empresa de tecnologia da indústria nacional, que foi a
consagração do modelo de substituição das
importações, luta para sobreviver, depois do fracasso da
bilionária parceria com a Boeing. A indústria de aviação
passa por uma reestruturação mundial, agravada pela
pandemia do novo coronavírus, que teve forte impacto
no transporte de passageiros. De certa forma, a redução
do fluxo de pessoas pode ajudar a volta por cima da
Embraer, que produz aviões menores, como o E190,
para 100 passageiros, ideal para a aviação regional. A
startup EGO Airways divulgou, recentemente, que o
avião brasileiro vai operar 11 rotas italianas,
inicialmente, tendo por hubs os aeroportos de Forli e de
Catânia, no norte e no sul da Itália, respectivamente;
depois, na rota Milão-Roma.


Pode-se responsabilizar o governo Bolsonaro pela saída
da Ford do Brasil? Por não ter feito nada para evitar,
sim; mas essa não foi a causa principal. Em tese,
poderíamos ter disputado a permanência das fábricas
com a Argentina e o Uruguai, mas isso exigiria um
arranjo institucional impossível de ser feito sem reforma
tributária, política industrial e política de comércio
exterior adequadas. Além disso, poderia ser uma
solução de curto prazo, porque a indústria de
automóveis passa por uma revolução tecnológica, na
qual a Ford ficou para trás. Já são vendidos no Brasil,
por exemplo, cerca de 20 modelos diferentes de carros
elétricos Audi, Chevrolet, Nissan, Jaguar, BMW,
Renault, JAC, Mercedes-Benz, BYD e Tesla. A briga
boa é para produzi-los aqui no Brasil, mas, aí, surge o
problema da automação: modernas plantas industriais
são automatizadas, a mão de obra barata deixou de ser
um atrativo.

As grandes marcas não são imortais, mesmo quando a
empresa opera no país há mais de 100 anos. A Esso,
com 50 anos de mercado, tinha 1,7 mil postos de
combustíveis quando deixou de existir. Estava no Brasil
desde 1912. No início, os postos se chamavam
"Standard Oil Company of Brazil". Não se sabe, ao
certo, quando a marca e sua mascote, o tigre, foram
adotados. Mas, na década de 1940, quando o Repórter
Esso estreou na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a
marca já tinha alguma popularidade. Em 2008, a rede
Esso foi comprada pela Cosan. Três anos depois, a
própria Cosan se uniu à Shell, formando a Raízen. Na
ocasião, Cosan e Shell anunciaram que a marca Esso
seria substituída.

Tecnologia

A troca de bandeira não é uma operação fácil. Só para
vestir os frentistas da Esso com o uniforme da Shell a
companhia precisou de 300 mil macacões e 60 mil
bonés. A Raízen investiu R$ 130 milhões para trocar a
bandeira pela Shell. E como será com o carro elétrico,
cujas baterias são recarregadas na garagem? É melhor
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