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Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Cidades
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: por Severino Francisco >>
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A democraciaé sagrada


Por que tolos, ignaros, negacionistas, nulidades
absolutas, mediocridades formidáveis, pessoas que
nada fizeram ao longo de décadas, são alçados à
condição de líderes de multidões? Vejamos o caso de
Trump. Ele propôs medidas absurdas tais como as de
construir um muro na fronteira do México, promover
ações racistas, oprimir a população latina e separar as
crianças imigrantes dos pais, em um ato de
desumanidade digno do nazismo.


Mesmo assim, alcançou votação expressiva em
segmentos que humilha. A servidão voluntária é o
sonho de todo o ditador e, com a máquina da mentira
das redes sociais, ela se tornou uma realidade. Basta
repetir alguma fake news milhares de vezes para que
seja transformada em verdade para um número
inimaginável de pessoas.


A corrupção começa com a corrupção das palavras.


Escravidão vira liberdade, roubo se traveste de
honestidade, fake news torna-se sinônimo de verdade,
traição à pátria se converte em patriotismo, velha
política se reveste de nova política e burrice se
pavoneia de inteligência. É possível a inversão deletéria
de todos os valores. E o pior: com o aplauso de muitos,
enganados ou propensos ao autoengano.

O debate vem à tona com a tentativa de golpe de Trump
nos Estados Unidos, que acendeu um sinal de alerta,
em todos os países, para as ameaças à democracia.
Sem apresentar nenhuma prova, derrotado nas urnas
para presidente, derrotado nas eleições para o senado
na Geórgia (o que deu maioria a Biden no Senado),
derrotado em mais de 60 ações na Justiça, Trump
acionou a máquina da mentira para propagar a versão
falaciosa de que as eleições teriam sido fraudadas.

Em um lance desesperado de mau perdedor, Trump
convocou apoiadores milicianos, neonazistas ou
neofascistas para invadir o Capitólio e profanar a sede
da democracia americana com uma ação truculenta de
vândalos. Vários estampavam camisetas com
referências a símbolos nazistas. As investigações
iniciais revelam que os insurgentes contaram com a
colaboração de militares da reserva ou com a omissão
dos policiais responsáveis pela segurança do
Congresso americano. Cinco pessoas morreram.

Felizmente, houve reação e as grandes corporação da
internet baniram Trump das principais redes sociais.
Mas a medida tardia não resolve todos os problemas.
Em face dos acontecimentos, o debate sobre o papel
das redes sociais na democracia tornou-se inadiável.

Não é possível que elas permaneçam na condição de
selva selvagem, sem nenhuma regulação, dominada por
alarves, obscurantistas e negacionistas, que conspiram
contra o interesse público. É surreal que presidentes
governem seus países do Twitter.

Trump está com medo de sair da Casa Branca e ir para
a cadeia. Merecia, pois traiu a democracia que jurou
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