Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ministério da Economia

O economista Claudio Frischtak, presidente da
consultoria Inter.B e especialista no setor de
infraestrutura, afirma que o grau de incerteza em
relação ao volume de investimentos públicos, tanto da
União quanto dos Estados, é muito grande devido às
severas restrições fiscais. "O que vai sobrar para
investimento é um resíduo. E o governo já se
comprometeu com certos investimentos, principalmente
na área militar. Outros investimentos são residuais",
afirma.


Segundo o especialista, o quadro é ruim para a
infraestrutura brasileira, que nos últimos anos tem
recebido investimentos abaixo do necessário para sua
manutenção - na prática, o que já existe vai sendo
corroído pelo tempo. No ano passado, ele estima que a
infraestrutura recebeu apenas 0,5% do PIB em
investimentos, um recorde de baixa. Por outro lado, ele
reconhece não só as limitações de recursos do País,
mas também de qualidade.


"Falta planejamento, a execução é falha. Tem muita
coisa que não consegue ser executada, mesmo no
âmbito de ministros operantes, que querem fazer
acontecer", diz Frischtak. Num momento em que o
governo tenta estimular a participação do setor privado
nos investimentos, a saída da Ford do Brasil é bastante
negativa. "O que isso significa é que as reformas
essenciais para ter uma economia produtiva estão
ficando para trás, não foram feitas, ou foram feitas de
forma bisonha nos últimos anos e décadas."


De acordo com o coordenador do Observatório Fiscal
do Ibre/FGV, Manoel Pires, sempre se fez ajuste fiscal
contraindo investimento. Para ele, ao longo dos últimos
anos está se construindo uma ideia equivocada desse
tipo de gasto. "Passa por uma avaliação de que o
investimento público gera desperdício e corrupção, da
possibilidade de conseguir fazer muita coisa via
iniciativa privada e da própria dificuldade financeira do
governo", disse. "Entendo que o correto é aprender a
investir bem. Os estudos mostram que o investimento
público é importante."


O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente
(IFI) do Senado, Felipe Salto, diz que a tendência é que
a capacidade de investimentos do governo federal
continue em queda. Segundo ele, o problema central é
que as discricionárias (os gastos que não são
obrigatórios), sem contar emendas parlamentares, estão
em R$ 83,9 bilhões.

"Esse nível é historicamente baixo e, por isso, para
cumprir o teto, seria preciso realizar um corte adicional
que poderá ser impeditivo, isto é, poderia levar ao
shutdown ou à paralisação de serviços essenciais,
como temos alertado há bastante tempo", alertou ele.

'Resíduo

"O que vai sobrar para investimento é um resíduo. E o
governo já se comprometeu com certos investimentos."

Claudio Frischtak PRESIDENTE DA CONSULTORIA
INTER.B

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