Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1

GONZALO VECINA - Uma vacina da China!


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Assistimos ontem a mais um capítulo sobre a avaliação
de uma vacina. Uma grande produção recheada de
especialistas e cheia de números cujas contas
complexas foram apresentadas com minúcias. Aos
poucos, vamos nos familiarizando com os termos
epidemiológicos e logo daremos um jeito de incorporar
os novos conhecimentos ao cotidiano. Taxa de eficácia
global, população do placebo, do teste, intervalo de
confiança e por aí afora.


Na primeira apresentação, na semana anterior, a
eficácia era de 78%. Só que não. Foi um equívoco muito
ruim e do ponto de vista comunicacional desastroso.
Quando algum dia, daqui a algum tempo, um cronista
contar essa história, gastará boa parte do tempo para
explicar a causa deste erro. Foi devido ao uso político
da vacina pelos governantes? Foi inépcia?


Interessa que a vacina é realmente eficaz para evitar
casos graves e isto é importante. O ponto de aprovação
é decidido a partir do que se obtém comparando o total
de infectados no grupo que recebeu o placebo, com o
grupo que recebeu a vacina. Após este resultado que
hoje foi apresentado e bateu na trave - 50,3% de


eficácia, pode-se entrar em outros meandros que
demonstram que temos uma vacina eficaz e segura.

A Coronavac também foi testada e aprovada em mais
três países - China, Turquia e Indonésia. Sim, as
amostras eram diferentes e isso é bom! Porque há um
detalhe importantíssimo aí: no Brasil a amostra foi
escolhida entre profissionais de saúde com um risco
maior de se infectar. O que foi positivo para a análise
dos resultados. Os dados colhidos ainda irão responder
e muitas perguntas que suscitarão novas pesquisas.

Mas se deve realçar outro atributo fantástico dessa
vacina - ela será produzida no Brasil e já temos quase
10 milhões de doses envasadas e ainda matéria prima
para produzir cerca de mais 50 milhões de doses. Após
essa produção, já no segundo semestre, está previsto
iniciar a fabricação da matéria prima e da vacina na
fabrica em reforma do Butantã. Aí será possível produzir
cerca de 15 a 20 milhões de doses por mês para o
Brasil e também para exportar para outros países.

A vacina do Butantã e a vacina da Fiocruz, juntas,
oferecerão ao país 350 milhões de doses neste ano,
volume suficiente para vacinar com duas doses 160
milhões de brasileiros - todos com mais de 18 anos que
serão o alvo desta vacinação. Elas estão em fase final
de analise na Anvisa. Se aprovadas, como esperamos,
passaremos a vacinar a população brasileira.

Sim, precisaremos de seringas, precisaremos de um
sistema de convocação daqueles que deverão ser
vacinados, para não ter bateção de cabeça nas
unidades básicas de saúde. Sim, serão bem vindas as
ajudas da iniciativa privada dentro das determinações
do SUS. Mas precisaremos ter uma importante
campanha de conscientização da população para
demonstrar que sem vacina o vírus vai continuar
matando os brasileiros (e ninguém vai virar jacaré). E
mais, não pode ser EU primeiro, temos que conseguir
um evento coletivo, se não vacinarmos todos, o vírus
continuara circulando, matando e pior, sofrendo
mutações!
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