Clipping Banco Central (2021-01-13)

(Antfer) #1

Não basta voltar ao normal


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
quarta-feira, 13 de janeiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - FMI

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Passado o grande choque de 2020, o mundo se
recompõe, ainda ameaçado por novos surtos de covid-
19, e o Brasil retoma seu lugar entre as economias
menos dinâmicas e com menor potencial de
crescimento. Depois de encolher 4,3% em 2020, a
produção global deve crescer 4% neste ano e 3,8% no
próximo, segundo as novas estimativas do Banco
Mundial. O País deve avançar 3% em 2021 e 2,5% em
2022, recuperando-se lentamente do recuo de 4,5% no
ano passado. Com ajuda emergencial, facilidades
tributárias e muito incentivo ao crédito, o consumo e a
produção industrial reagiram rapidamente a partir de
maio. Mas é preciso muito mais que essa recuperação
em V para levar a economia brasileira a uma posição
melhor no quadro internacional.


A retomada inicial é a única demonstração de vigor
econômico do Brasil, desde o início da crise, e nenhum
resultado notável está previsto para os próximos anos.
Com a forte reação depois do tombo de março-abril, o
Brasil fechou 2020 com uma perda econômica bem
menor que os 5,2% estimados em junho pelo Banco
Mundial. O balanço geral da América Latina e do
Caribe é bem pior, com recuo de 6,9%. Também os


dados sanitários são especialmente ruins.

Embora abrigue menos de 10% da população mundial,
a região teve cerca de 20% de todos os casos
confirmados de covid-19 - e, além disso, há suspeita de
ampla subnotificação.

Em cerca de um terço dos países latino-americanos e
caribenhos a contração econômica foi igual ou superior
a 10%. Mas a região deve crescer 3,7% em 2021 e
2,8% em 2022, segundo o relatório de Perspectivas
Econômicas Globais divulgado no começo da semana
pelo Banco Mundial.

É mais fácil, no entanto, avaliar o desempenho e o
potencial brasileiros quando se examinam os números
de 26 países latino-americanos e caribenhos listados no
documento. A contração econômica em 2020 foi maior
em 21 desses países do que no Brasil. Mas 16 dessas
economias devem crescer mais que a brasileira em


  1. No ano seguinte 18 deverão exibir crescimento
    maior que o do País.


A comparação fica mais informativa quando se
consideram períodos anteriores à pandemia. Treze
desses latino-americanos e caribenhos acumularam
avanço maior que o do Brasil em 2018-2019. O número
certamente cresce quando se acrescentam os anos de
2015 a 2017, por causa da recessão brasileira de 2015-


  1. A tabela só apresenta, no entanto, dados a partir
    de 2018.


No Brasil, a recuperação do consumo e do investimento,
iniciada em 2020, deve prolongar-se no começo de
2021 e garantir, segundo o relatório, 3% de
crescimento. Isso depende- rá da confiança e da
manutenção de condições "benignas de crédito". A
expansão continuará desigual entre setores, com
agricultura e indústria avançando mais que os serviços,
como em 2020. Mas o impulso deve diminuir ao longo
do ano, em parte por causa da retirada dos estímulos
fiscais e monetários, e em 2022 o crescimento ficará em
2,5%.
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