Viaje Mais - Edição 175 (2015-12)

(Antfer) #1
VIAJEMAIS^29

cipalmente a bordo dos ônibus da
Europabus, empresa que oferece
um roteiro que pinga de cidade em
cidade do trajeto. Mas, para curtir
a vizinhança como ela merece, num
ritmo mais slow motion, nada como
flanar lentamente pelo labirinto de
ruelas e sentir a magia de cada lugar.
Mesmo os amantes da velocidade,
que pretendem abusar das auto-
bahns, vão entender que a boa é de-
sacelerar assim que se alcança Würz-
burg, a 276 km de Munique e onde
o touroficialmente começa.
Por conta de sua beleza – Würz-
burg se esparrama entre morros re-
pletos de parreirais, à beira do Rio
Main –, o escritor alemão Hermann
Hesse (1877-1962) disse que, se pu-
desse escolher seu local de nasci-
mento, optaria pela cidade. Não é
difícil entender por quê. A começar
pelo palácio Residenz (a urbe, como

Munique, tem uma construção real


chamada Residenz), uma das estru-


turas barrocas mais exuberantes
do país, tombada pela Unesco e
que já dá uma senhora mostra do
poder de sedução da cidade.
O complexo, envolto por um
enorme e vistoso jardim, serviu
de residência aos bispos-príncipes
a partir de 1720, que não poupa-
ram no quesito ostentação ao or-
namentar o palácio, tal como fi-
zeram na monumental escadaria
arqueada que recepciona os visi-
tantes no interior da construção.
Eles trouxeram ainda um artista
de Veneza, Giovanni Tiepolo, para
decorar o teto acima dos degraus,
criando o maior afresco do mun-
do, uma representação dos quatro
continentes. Outros símbolos de
opulência são o Gabinete dos Es-
pelhos, onde tudo o que reluz é
ou ro, e a igreja outrora usada pela
corte (Hofkirche). Anexa ao com-
plexo, saltam aos olhos suas co-
lunas de mármore e a faustosa de-

coração dourada, num total con-
traponto com os singelos anjinhos
barrocos que seguram uma coroa
no topo do altar. O Residenz é tão
grande que, à parte esses cômodos
que podem ser visitados, o palácio
abriga ainda museus, faculdades
e até órgãos governamentais.
Para celebrar essa ode ao bom
gosto que pontua os monumentos
locais, vá até a Ponte Alte Marien-
brücke, que descortina um baita
visual do Rio Main e da fortifica-
ção Marienberg. Uma vez ali, peça
uma taça de vinho riesling ou mül-
ler-thürgau produzido pelas viní-
colas da região, à venda nos quios-
ques que alguns restaurantes man-
têm junto à ponte. E, por falar na
bebida de Baco, o panorama fica
ainda melhor morro acima, ao se
tomar o rumo da cidadela, quando
se vê Würzburg mergulhada entre
colinas e plantações de uvas. É um
deslumbre só.

Da parte alta de
Würzburg, assiste-se à
cidade mergulhada entre
colinas e parreirais
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