Aero Magazine - Edição 301 (2019-06)

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MAGAZINE 301 | (^43)
Uma sugestão nesses casos é
criar uma matriz de decisão, na qual
os critérios técnicos e econômicos
são listados e uma nota é assinala-
da para cada item, isso facilitará o
embasamento final do gestor.
PERFORMANCE
Na categoria de atualizações gené-
ricas com promessa de melhora
de performance se enquadrariam
todas as modificações e upgrades
que ainda não possuem o crivo do
fabricante, ou seja, que ainda não
foram incorporadas ao modelo da
aeronave por quem o produziu. São
projetos propostos após a compra
da empresa de engenharia que
elaborou o projeto ou por meio de
um desenho similar incorporado ao
projeto da aeronave. Um exemplo
clássico são as remotorizações com
troca de hélices.
Nesses casos os desafios técni-
cos são superiores à atualização de
sistema e a assessoria de um bom
escritório de engenharia aeronáutica
ou de um bom engenheiro aeronáu-
tico é importante. Detalhes técnicos
do projeto de remotorização devem
ser observados e as promessas de
ganho de performance devem ser
conferidas com casos reais, de pre-
ferência conversando com quem já
possui a modificação instalada.
Existem alguns fabricantes tra-
dicionais no mercado desse tipo de
modificação, já estabelecidos e com
centenas de kits vendidos. Estes têm
vantagem sobre os novos entran-
tes por já possuírem um histórico
e permitirem ao proprietário da
aeronave uma pesquisa entre seus
usuários sobre o grau de satisfação
com as instalações.
Outra questão que deve ser
observada é a segurança. Uma pes-
quisa sobre o número de acidentes
com aeronaves modificadas deve ser
realizada, e a cobertura ou “liability”
do modificador em caso de acidente
deve ficar clara no contrato da mo-
dificação. Aqui, de novo, uma tabela
simples auxiliará o gestor a embasar
sua tomada de decisão.
SEGURANÇA
Algumas modificações são obri-
gatórias e impostas por força de
Diretriz de Aeronavegabilidade
(DA). Nesse caso elas devem ser
cumpridas o mais rapidamente
possível e, normalmente, o custo
de tais modificações é de respon-
sabilidade do fabricante.
Independentemente da situ-
ação, a recomendação é sempre
realizar a modificação e depois
discutir quem vai arcar com os
custos, pois nesses casos voar
a aeronave antes de realizar a
modificação requerida é um risco
à segurança e depois de vencido
o prazo da Diretriz de Aerona-
vegabilidade torna-se ilegal a
realização de qualquer voo sem a
modificação instalada.
ESTÉTICAS E
ENTRETENIMENTO
Existe ainda um quarto tipo de
modificação, que são as modifi-
cações estéticas e de sistemas de
entretenimento. Essas modifi-
cações têm impacto no valor da
aeronave, principalmente nos
jatos de negócios de alto valor
agregado, intercontinentais.
Nesse caso, um sistema mais
moderno de comunicação via
satélite faz a diferença na hora da
venda, assim como um sistema
de conference call mais robus-
to também é visto como um
adicional que justifica um preço
diferenciado.
Nos aviões de negócio
menores tais modificações não
agregam valor de revenda, ou não
tem valor percebido diretamente,
e devem ser buscadas no caso de
o proprietário ter interesse em
permanecer com a aeronave por
um tempo ainda após a instala-
ção dos novos equipamentos.
CONCLUSÃO
A decisão por instalar ou
não uma atualização envolve
aspectos técnicos e econômicos
e pode ser bastante simplifica-
da caso o gestor construa uma
matriz de tomada de decisão
simples.
A partir da tabela da matriz,
os critérios elencados são avalia-
dos e o gestor ou proprietário da
aeronave consegue embasar sua
decisão com tranquilidade sobre
a instalação ou não de determi-
nada modificação, justificando o
investimento realizado de forma
racional.

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