Aero Magazine - Edição 301 (2019-06)

(Antfer) #1
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No exterior, uma das garantias
de que a consultoria exclusiva
trabalhará pelo melhor negócio
é a cobrançadeumcustofixo.
ComofuncionanoBrasil?
O custo varia entre um valor fixo
ou um percentual, a depender
do valor do investimento. Vai de
negociação para negociação. O
problema de trabalhar com um
ticket médio é que ele pode ficar
muito alto para aeronaves meno-
res. Por isso estabelecemos um
ticket de dois a três milhões de
dólares para começar a trabalhar
comessaconsultoria...

Comprar uma aeronave tem
custo. Além da consultoria,
há a inspeção pré-compra,
traslado,trading...Quanto
custacomprarumaaeronave?
Varia de acordo com a aerona-
ve. Considerando um jato mé-
dio ou supermédio, o preço da
inspeção de pré-compra vai de
85 a 100 mil dólares. O trasla-
do, em torno de 25 mil dólares.
Seguro e assessoria aeronáu-
tica vão acabar embutidos
no coeficiente de importação
praticado pelas tradings. Hoje
é difícil não importar através
de tradings. Esse valor varia
dependendo da relação com a
trading, do valor da aeronave.
Quinze e meio por cento do
valor FOB da aeronave é um
coeficiente considerável, mas
não dá para cravar, de novo, vai
depender muito da negociação
com a trading. Por isso que o
comprador tem de negociar
tudo. Abrir rodada de nego-
ciação com tradings, bancos,
empresas que podem trasla-
dar caso seu piloto não esteja
habilitado... Enfim, buscar o
melhor investimento com o
menor custo.

Quaisasarmadilhasque
umacomprapodeembutir?
Existemdoisperfisdecomprado-
res.Oconceitual,quenuncatevea
propriedadedeaeronave.Elenão
temexperiênciadevoaraerona-
veexecutivaprópria,masé um
fretadore entendequechegouo
momentodeadquirirseuequipa-
mento.Nessecaso,é possívelfazer
umestudomaisprofundo.Chegar
aotamanhocertodo“sapato”,
nemfolgado,nemapertado.Já o
compradorquetemexperiênciade
vooemaeronaveprópria,vemcom
umaideiamaisformada.Nosdois
casoso segredoé dimensionarse
o passoé longooucurtodemais.
Algunsbrokersfocamnoproduto
emsi.Emmuitoscasos,elestêm
interessenavendadoavião.Pen-
sam:‘Tenhoesseaviãoparavender,
quantomaisconseguirderetorno,
melhorparamim’.

Mase asarmadilhas?
Umcompradortemdefugirde
armadilhascomoboletinsdeser-
viços,modificaçõestécnicasdeen-
genhariassuplementaresquenãos
estejamhomologadasnoBrasil.Na
nossaconsultoria,entramosbema
fundonoaspectodapropriedade
doavião,principalmenteforado
Brasil.NoBrasil,é maisfácilde
encontrarasinformações.Qualé
a estruturadepropriedade,quem
estáportrásdaestrutura.

Poderiaexemplificar?
Tivemos um caso emblemático.
Identificamos a aeronave, era de
um cidadão suíço. Mas estava re-
gistrada na Ilha de Man e a empre-
sa que era dona estava registrada
em outro país. Isso chama a aten-
ção. Entramos com uma assessoria
jurídica na Europa para entender
qual era a estrutura de propriedade
e tributária daquela aeronave. Em

geral, quem registra na Ilha de
Man busca benefício tributário.
Para encurtar a história, tivemos
sucesso, a aeronave está voando no
Brasil. Mas o avião não tinha sido
importado para a Europa, estava
em um regime especial, de suspen-
são de tributo, e precisamos atentar
para o fechamento do negócio, que
não poderia acontecer em domi-
cilio fiscal europeu para que não
houvesse a incidência do imposto
de importação. Por isso fizemos
o fechamento do negócio em um
armazém alfandegado na Europa,
na Inglaterra. E, para o jato sair de
lá sem reincidência tributária, o
primeiro pouso ao sair da União
Europeia deveria ser um local que
não fosse domicílio fiscal europeu.
Sem essa análise, um comprador
podeserpegodesurpresa.

NosEUA,tambémexistem
peculiaridadestributárias,não?
Sim, nos Estados Unidos, sobre as
transações de venda de aeronaves
incidem imposto. Mas existem es-
tados que são tax friendly, ou seja,
gasta-se menos com a tributação.
Se o fechamento não ocorrer em
um estado com tributação amigá-
vel, isso pode representar seis a oito
porcentosobreo valordonegócio.

Alémdaquestãotributária,
hátambémquestõesjurídicas...
Sim, é preciso entender a estrutura
de propriedade e trabalhar na
formatação de um contrato que
blinde o comprador de custos im-
previstos. Tivemos outro caso, de
uma aeronave alienada, que tinha
sido dada como garantia em outro
contrato. Tivemos de trabalhar
para que a aquisição só fosse efeti-
vada quando a alienação estivesse
extinta. É preciso cuidado ao fazer
a transferência do dinheiro, tudo
tem de estar resolvido.

Um comprador


tem de fugir


de armadilhas


como boletins


de serviços,


modificações


técnicas de


engenharias


suplementares


que nãos


estejam


homologadas


no Brasil

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