Aero Magazine - Edição 301 (2019-06)

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to, pode não ser confiável com o
entupimento das tomadas estáticas,
mas permanece funcionando
normalmente se o entupimento foi
apenas do pitot.
Sua indicação de groundspeed
(derivada do INS ou GPS, ou
obtida pelo ATC) é valiosa. A
grandes altitudes ela servirá para
saber se a aeronave está aceleran-
do ou não. Caso você tenha como
saber o vento aproximado na
sua altitude (via ATC ou outras
aeronaves nas imediações), será
possível um cálculo aproximado
de sua velocidade. A baixas alti-
tudes, a groundspeed servirá para
lhe ajudar nas fases finais do voo.
Procure pousar em uma pista
com vento de proa. Mantendo
uma groundspeed igual ou ligei-
ramente acima da ideal para seu
peso, com vento de proa, você
garante que está acima da veloci-
dade mínima para uma aproxi-
mação segura. Procure manter
condições visuais/diurnas.
Todos os acidentes com aero-
naves comerciais foram causados
em condições IFR/Noturnas, o que
aumenta sobremaneira a dificul-
dade em executar uma aproxi-

mação em condições de Unreliable
Airspeed. Procure um aeródromo
que esteja operando em condições
visuais mesmo que isso implique
em prolongar o tempo de voo. Use
todos os auxílios que favoreçam sua
tentativa de aproximação e pouso
(pista mais longa e com vento de
proa, ILS, PAPI/VASIS). Não hesite
em pedir ajuda ao ATC. Ele pode
lhe informar sua groundspeed, vento
aproximado em altitude, infor-
mação de obstáculos, aeródromos
próximos que estejam operando em
condições meteorológicas mais favo-
ráveis, além de uma vetoração radar
para lhe posicionar em uma longa
aproximação final estabilizada.
Conforme comentamos no
artigo da edição 288 da AERO, o
estol é uma função unicamente do
angulo de ataque (AOA). Tendo
conhecimento do AOA em cada
fase do voo, a tripulação é capaz
de manter uma margem segura do
estol, e prosseguir para um pouso,
mesmo sem indicação de veloci-
dade. Diversas aeronaves militares
e algumas aeronaves de negócios,
tais como os Learjet Series 20/30,
possuem indicadores de AOA
e estes podem ser usados para

Indicador de ângulo de
ataque pode auxiliar
no reconhecimento de
situação de estol

garantir uma margem segura do
estol. Mesmo aeronaves da aviação
geral estão sendo retrofitadas com
estes indicadores de AOA.
A partir de 2007, a Airbus passou
a oferecer um item opcional na
família A320/330/340 e como item
de série nos A350/380 chamado
BUSS (Back Up Speed Scale). No
caso de falha de todos os ADR
(Air Data References), a tripulação
ativa o BUSS que substitui a indi-
cação de velocidade no PFD por
uma “Fly Zone” baseada em AOA,
que permite à tripulação voar em
uma faixa de velocidades acima
do estol e abaixo da máxima para
a presente configuração. Além
disso, ela mostra uma altitude GPS
e, a baixas altitudes, valores de
rádio altímetro, possibilitando um
controle mais preciso e instintivo à
tripulação e permitindo um pouso
seguro, mesmo com falha total do
sistema pitot-estático.
Uma situação de Unrelia-
ble Airspeed apresenta grandes
desafios. Uma rigorosa inspe-
ção pré-voo é a melhor defesa.
Caso esteja em voo, uma correta
e rápida identificação de seus
sintomas são ações cruciais. Uma
vez constatada, a manutenção de
uma trajetória segura, e aplica-
ção dos procedimentos previstos
pelo fabricante são a chave para
um pouso seguro. Estar prepa-
rado para uma situação destas é
fundamental. Acostume-se com os
valores típicos de atitude e potên-
cia de sua aeronave nas diversas
fases do voo (decolagem, subida,
cruzeiro, descida e aproximação
final) e esteja familiarizado com
os procedimentos previstos pelo
fabricante de sua aeronave.

O BUSS substitui
a indicação de
velocidade no
PFD por uma “Fly
Zone” baseada em
AoA, que permite
à tripulação voar
em uma faixa de
velocidades acima
do estol e abaixo da
máxima

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