Aero Magazine - Edição 301 (2019-06)

(Antfer) #1

MAGAZINE 301 | (^73)
preços vão cair. Os preços variam
conforme oferta e demanda, além
das variações de preços de com-
bustível e dólar”, diz Cleveland.
“Houve um erro de comunicação
quando cobrança de bagagem foi
instituída – por parte do governo e
da própria Abear, a associação das
companhias aéreas”.
LOW COSTS
Desde o ano passado, quatro low
costs que operam na Argentina
ou no Chile pediram autorização
para voar internacional no Brasil:
Flybondi, Avian, Norwegian e Sky.
Das quatro, apenas Norwegian e
Sky estão operando. A Norwegian
conecta Rio a Londres (com voos
a partir de R$ 1.000) e a Sky liga
Santiago a Rio e São Paulo com
tarifas a partir de US$ 43.
Com a abertura do capital es-
trangeiro, elas podem se aventurar
no mercado doméstico – como
têm feito na Argentina e em
outros países da região. Desde que
tenham segurança de que poderão
cobrar pelas bagagens despacha-
das e não sejam obrigadas a voar
para onde não desejam.
Na Argentina, a Norwegian
opera em seis cidades e já anun-
ciou que vai dobrar esse número
até o fim do ano. A Sky acaba de
iniciar voos para sete cidades no
Peru a partir de Lima.
LATAM, GOL E AZUL
Enquanto leva os estrangeiros
a postergar investimentos no
Brasil – se voltando para outros
mercados na América Latina –,
a incerteza favorece as empresas
aéreas incumbentes (as três gran-
des). “Quanto mais demorarmos
para dar uma solução para a crise
da Avianca, mais os preços de
passagens vão subir. Tudo o que
as empresas incumbentes querem
nesse momento é restrição de
oferta”, diz Cleveland. Nesse con-
texto de concentração de mercado,
Latam, Gol e Azul demonstram
interesse pelos ativos da Avianca
enquanto brigam nos bastidores,
com acusações de protecionismo e
um racha na Abear, que terminou
com a saída da companhia criada
por David Neeleman da associa-
ção (leia mais no box).
Para o diretor-presidente da
Anac, José Ricardo Botelho a solu-
ção está no capital estrangeiro. “O
Brasil tem menos companhias do
que a Argentina. Só a abertura do
mercado, com a atração de novas
companhias é que vai garantir o
aumento da concorrência”, diz.
“Mas se tiver obrigatoriedade de
fazer rotas regionais e a liberdade
de cobrança de bagagem acabar, o
Brasil vai continuar com as com-
panhias que aqui estão e dificil-
mente outras virão”.
EAPONTEAÉREA?
LigandoSãoPauloe RiodeJaneiro,
umadasmaisrentáveisrotasdopaís
devepermanecerconcentradanas
mãosdepoucos,compassagenscada
vezmaiscaras
Umeventualavançodasempresaslow
costestrangeirasnomercadodoméstico
serábenéficoparaospreçosemcertos
trechos,masnãodeveimpactara ponte
aéreaRio-SãoPaulo– umadasrotas
maisrentáveisdomercadobrasileiroe
queé protegidapelarestriçãodeslotsno
aeroportodeCongonhas.
Nocasomaisprováveldeuma
redistribuiçãodosslotsdaAviancaem
Congonhas,mesmoqueumacompanhia
estrangeirasehabiliteparao leilão,pelas
regrasdaAnac,elasópoderálevar50%
dosdireitosdevoos.Orestantetemde
serdivididoentreasempresasquejá
operamnoaeroporto:Latam,Gole Azul.
NOVACOMPANHIA
“Dopontodevistadaconcorrência,
o idealseriaalocartodososslotsda
Aviancaparaumanovacompanhia”,
avaliao economistaClevelandPrates.
“Metadedoquea Aviancatemhojeé
poucoparamontarumaoperaçãona
ponteaérea”.
Asegundaopção,dizCleveland,
seriadarparaa Azul– queteria
incentivosparabaixarpreçoe ganhar
maisemescala.“Masa Azulé diferente
daAvianca.AAviancaincomodava,
poistinhaumapolíticadepreçosmais
agressivosparacompraspróximasao
embarque”.
AlessandroOliveira,professor
deeconomiadotransporteaéreo
doITA,concordaquea entradada
Azulnaponteaéreapodeajudara
reduzirpreços,masapenasnocurto
prazo.“Quantomaisempresasem
determinadarota,maiora concorrência.
Mascoma restriçãodeslotsqueexiste
emCongonhas,a tendênciaemmédio
e longoprazosé deacomodação”,
acredita.
Divergênciassobreo destinoda
Aviancae comoredistribuirslotsem
Congonhasprovocaramumrachaentre
ascompanhias,coma Azulanunciando
a suasaídadaAbear,a associação
dascompanhiasaéreas.“Essetipode
brigaemassociaçõesdeempresasé
natural.Esperamosqueessadisputase
transformeemguerradepreços”,diz
AlessandroOliveira.
A cobrança
de bagagem
nasceu com
as chamadas
empresas de
baixo custo
e tarifas
reduzidas

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