Aero Magazine - Edição 301 (2019-06)

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no Rio de Janeiro o acionamento
do alerta na Base Aérea de Santa
Cruz (BASC).
Às 22h10, o COpM 1 foi infor-
mado, por um dos operadores do
Centro de Controle de Aproxi-
mação de Anápolis (APP-AN),
da detecção, no radar, de um eco
deslocando-se a baixa velocidade
na radial 270 da faixa de frequên-
cia muito alta omnidirecional de
Anápolis (Very High Frequency
Omnidirectional Range ANP, ou
VOR ANP), com proa 270o. Isso
fez o major Cerqueira decidir pelo
acionamento do alerta também na
Base Aérea de Anápolis (BAAN),
às 22h11. A tripulação de um KC-
130 ficou a postos para reabastecer
os caças em voo, se necessário.
Cinco caças ao todo foram
enviados ao encalço dos óvnis:
dois F-5E da BASC e três Mirage
F-103 da BAAN.
O primeiro caça, um F-5E,

prefixo FAB 4848, decolou da
BASC às 22h34, pilotado pelo
primeiro-tenente aviador Kleber
Caldas Marinho (1960). Nas co-
municações por rádio, a aeronave
era referida pelo codinome Jambo-
ck 17 (JB17).
O piloto decolou com o radar
desligado e as luzes de navega-
ção apagadas, sendo orientado
a manter-se assim. À velocidade
constante de Mach 0.7 (864,36
km/h), ele foi guiado por um
controlador de voo do COpM 1
até São José dos Campos, onde
havia ecorradares. Em menos de
dez minutos, Marinho fez contato
visual com um óvni cintilante e,
na maior parte do tempo, branco,
mas que por vezes mudava de cor
para vermelho e verde. O militar
acendeu as luzes de navegação do
avião e aumentou a velocidade
para Mach 0.95 (1.173,06 km/h).

SOBRE O MAR
Contudo, a menor distância
que conseguiu ficar do objeto
foi de 10 milhas náuticas (18,52
km), e isso apenas por breves
momentos. Aos 30 minutos de
perseguição, avançando sobre o
Oceano Atlântico cada vez mais,
Marinho comunicou à Defesa
Aérea as percepções que tinha
do alvo: “Eu estou informando
que, aparentemente, não deve ser
uma aeronave, ok? Ou um avião,
devido à performance dele no
que diz respeito à velocidade, ok,
e também pelo local que ele está
voando, ok?”.
Logo depois, o alvo distan-
ciou-se rapidamente, ficou fora do
alcance do radar de bordo do F-5,
limitado a 20 milhas (37,04 km), e
escapou em direção à África. Du-
rante a tentativa de interceptação,
o único instrumento de bordo do
caça que deu alguma alteração foi

o indicador de situação horizontal
(“Horizontal Situation Indicator”,
ou HSI), normalizado após o pilo-
to abandonar a perseguição a 180
milhas do litoral e iniciar a volta
para a BASC, por estar ficando
sem combustível para o retorno.
O pouso em Santa Cruz se deu às
23h37. No total, o voo durou 63
minutos, das 22h34 às 23h37.

ÓVNI A 1 KM
O segundo caça, um Mirage
F-103 com o prefixo FAB 4913 e
codinome Jaguar 116 (JG 116),
decolou da BAAN às 22h48,
pilotado pelo Capitão aviador
Armindo Sousa Viriato de Freitas
(1956).
Após as devidas transferências
de controle, a aeronave foi vetora-
da para um ponto detectado pelo
radar do APP-AN, que transmitia
as informações ao COpM 1 e este
as retransmitia ao piloto. Esse pro-
cedimento foi adotado em virtude
de não estar sendo visualizado
nenhum ecorradar nos equipa-
mentos do COpM 1.
O piloto, após voar sete mi-
nutos a velocidade subsônica, foi
informado da detecção de um plo-
te 13 milhas náuticas (24,07 km) à
frente. O radar do avião também
acusou o alvo. Viriato de Freitas
apagou as luzes de navegação e
tentou a aproximação, conseguin-
do ficar, aos 18 minutos de voo, a
apenas uma milha náutica (1,85
km) do alvo, quando o ponto
inexplicavelmente desapareceu da
tela do radar de bordo. Orientado,
Freitas realizou uma varredura de
360° na região, e um novo plote
apareceu no radar a 12,5 milhas
(23,15 km) de distância. Aceleran-
do para Mach 0.9 (1.111,32 km/h),
o aviador conseguiu reduzir o
distanciamento para 10 milhas
(18,52 km); por instantes, a sepa-

Capitão
aviador
Rodolfo da
Silva Souza
em 1986

Acervo de Rodolfo da Silva Souza

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