MAGAZINE 301 | (^81)
análise das evidências, os fatos fo-
ram confirmados em uma coletiva
de imprensa realizada no dia 23 de
maio de 1986 com a presença do
próprio ministro da Aeronáutica,
tenente-brigadeiro do ar Octávio
Julio Moreira Lima (1926-2011).
Em razão dessa coletiva, que
durou mais de duas horas, a noite
de 19 de maio de 1986 ficou co-
nhecida como a “Noite Oficial dos
Óvnis” no Brasil.
O QUE ACONTECEU?
Diversas explicações foram
aventadas nos dias seguintes para
o ocorrido. Luis Carlos Menezes,
professor de Física da Universi-
dade de São Paulo (USP), supôs
que um país superdesenvolvido
resolveu testar o sistema de radar
brasileiro utilizando chamarizes:
“No caso, me parece, um conjunto
de pequenas aeronaves teleguia-
das, mais provavelmente pequenos
foguetes, e seguramente com a
geometria mais bidimensional,
mais plana, alguma coisa mais
fina e leve, com propulsão própria
e telecomandada”, declarou ao
jornalista Afonso Mônaco, da
Rede Globo, em reportagem
exibida na televisão no dia 1º de
junho de 1986.
Entrevistado pela repórter
Eleonora Paschoal, o especialista
em armamento Roberto Godoy
formulou hipótese semelhante
para a natureza dos óvnis: “Uma
ou duas aeronaves, repletas de com-
putadores, sensores e coisas assim,
e que levam cargas externas que a
gente poderia chamar – assim, para
melhor compreensão –, de cargas
capazes de criar confusão eletrôni-
ca, ou seja, elas se destinam a criar
saturação de radar, ou seja, muitos
sinais dentro do radar, ilusões...
umaespéciedeilusãodeótica,ou
quaseisso.Sãocargasesféricas,
cilíndricas,metálicas,queemitem
luz,calor– luzescoloridasinclusive
–,e têminclusiveumprocessode
propulsão,mantendo-seemmovi-
mentonoarporalgunsminutos.É
umatecnologiamuitoavançada,e
queé dominadabasicamentepela
UniãoSoviética,pelosEstadosUni-
dose, digamos,comumageração
deatraso,pelaInglaterrae pela
França.Euacreditoqueessetipo
deoperaçãofaçapartedojogode
xadrezdapolíticainternacional.”
Essasexplicações,
conquantobemfundamentadas,
acabaramdescartadas,poistais
artefatosnãopoderiamsedeslocar
semdeixarrastroe semprovocar
estrondosupersônico.Alémdisso,
osóvnismantiveram-senoarpor
muitomaisquealgunsminutose
nenhumacargajamaisfoirecupe-
rada.
FENÔMENOS
SÓLIDOSEINTELIGENTES
Orelatóriodocaso,encaminha-
donodia2 dejunhode 1986
pelobrigadeirodoarJoséPessoa
CavalcantideAlbuquerque
(1930),comandanteinterinodo
COMDA,aoComandanteGeral
doAr,concluía:
“ 1 Da análise dos acontecimentos,
este Comando é de parecer, de
acordo com as informações dos
controladores, pilotos e relató-
rios anteriormente elaborados
pelo I CINDACTA, que alguns
pontos são coincidentes no que
tange ao ecorradar, acelera-
ção, iluminação, velocidades
e comportamento, tanto pelas
detecções técnicas como visua-
lização efetuadas;
2 Alguns [pontos] que podemos
citar são os fenômenos que
apresentam certas característi-
casconstantes,a saber:
a)produzem ecos radar não só do
Sistema de Defesa Aérea, como
também das aeronaves intercep-
tadorassimultaneamente,com
comparaçãovisualpelospilotos.
b)Variam suas velocidades da
gama subsônica até supersônica,
bemcomomantêm-seemvoo
pairado.
c) Variam suas altitudes abaixo do
FL-050 até altitudes superiores
a FL-400[de5.000pésou1.500
ma 40.000pésou12.000m].
d)Às vezes, são visualizados
devido a luzes de cores brancas,
verdes,vermelho;outrasvezes
nãosetemindicaçãoluminosa.
e) Têmcapacidadedeacelerare
desacelerardemodobrusco.
f ) Capacidade de efetuar curvas
comraiosconstantese outras
vezescomraiosindefinidos.
3 Como conclusão dos fatos
constantes observados, em quase
todas as apresentações, este
Comando é de parecer que os
fenômenos são sólidos e refletem
de certa forma inteligência, pela
capacidade de acompanhar e
manter distância dos observa-
dores como também voar em
formação,nãoforçosamente
tripulados.
4 Por oportuno, cabe ressaltar a
eficiência das Unidades Aéreas
engajadas na operação, pois
de acordo com o previsto, cada
uma dessas unidades mantém
uma aeronave de alerta a 45
minutos e com menos de 30
minutos após o acionamento, 7
(sete) vetores armados estavam
disponíveis para emprego”.
antfer
(Antfer)
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