Aero Magazine - Edição 320 (2021-01)

(Antfer) #1

MAGAZINE 320 | (^13)
CAUBÓI INDOMÁVEL
O lendário piloto Charles Elwood
“Chuck” Yeager, o primeiro a quebrar
a barreira do som, morreu aos 97 anos
de idade nos Estados Unidos. Pioneiro
no desenvolvimento de aeronaves a jato,
o aviador manteve uma vida ativa até
recentemente. Ainda que seja lembrado
por muitos por quebrar a barreira do
som, em 1947, com o avião-foguete Bell
X-1, Yeager teve uma longa e brilhante
carreira na força aérea dos Estados
Unidos e protagonizou outros feitos.
Pela USAAF, força aérea do exército
dos EUA, na Segunda Guerra, ele
combateu a temida força aérea alemã,
voando os caças P-51 Mustang. Mesmo
tendo sido abatido em sua oitava missão,
Yeager voltou à batalha e obteve 11
vitórias confirmadas. Chegou a ser “ás
de um dia”, quando derrubou cinco
aviões inimigos em uma única missão.
Outro feito marcante foi ter sido um dos
primeiros pilotos a abater o caça a jato
alemão Messerschmitt Me 262, que era o
mais avançado avião em combate já no
final da guerra.
Após o conflito, retornou aos
Estados Unidos, onde se casou em 1945.
Mantendo sua carreira militar, Yeager foi
enviado para o campo de testes Muroc
Army Air Field, que posteriormente
foi rebatizado como Edwards Air Force
Base. Localizado em uma região remota
do deserto da Califórnia, a Edwards Air
Force Base é berço dos mais importantes
avanços na aviação ainda nos dias de
hoje. O local é lendário no imaginário
de pilotos, engenheiros aeronáuticos e
entusiastas em todo o mundo, e muito
dessa fama se deve a Yeager.
Durante a Guerra Fria, Yeager
cursou a graduação na Air Materiel
Command Flight Performance School,
uma das mais conceituadas escolas
de treinamento de pilotos de teste
do mundo. A barreira do som era
considerada a fronteira final da aviação
no final dos anos 1940. Ciente dos riscos,
Yeager aceitou voar pelo salário que
recebia como militar, embora outros
pilotos pedissem quantias exorbitantes.
Um dia antes do voo, durante uma
cavalgada com sua esposa, o piloto caiu
e fraturou uma das costelas, o que o
impediria de voar. Mas ele escondeu o
fato de seus superiores e, no dia 14 de
outubro de 1947, comprovou ser possível
voar acima da velocidade do som. O
Bell X-1 recebeu naquele dia o nome de
batismo Glamorous Glennis (glamorosa
Glennis), em homenagem à sua esposa.
Aliás, era a segunda aeronave a receber
este nome, já que seu P-51 na guerra
também ostentava a mesma homenagem.
A Glamorous Glennis atingiu a marca
de Mach 1,05 a uma altitude de 45 mil
pés (13.700 metros) sobre o lago Seco
Rogers, no deserto de Mojave.
Ao longo dos anos, Yeager quebrou
uma série de recordes de velocidade e
altitude, sempre superando seus colegas
quando um deles obtinha uma marca
melhor do que a sua. Considerado
um caubói indomável, sua extrema
capacidade técnica e de pilotagem não
foi suficiente para ser um dos sete eleitos
para o nascente programa espacial
norte-americano. Sua personalidade era
considerada difícil e inadequada para as
necessidades espaciais. Além disso, não
ostentava a imagem de “bom moço” e
exemplo a ser seguido.
Yeager ainda foi um dos primeiros
pilotos dos EUA a voar o caça soviético
MiG-15, que havia sido capturado após
seu piloto fugir para a Coreia do Sul. Ele
se aposentou como general.

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