Aero Magazine - Edição 320 (2021-01)

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A

aviação revolucio-
nou os transportes
e a forma como
humanidade vem
interagindo. Mais
que meros meios de “leva e traz”
de pessoas e coisas, aviões e heli-
cópteros deram ao mundo novos
padrões de eficiência e segurança,
os quais servem de inspiração para
inúmeros outros setores econô-
micos. Desde seu princípio, voar
significou empreender estudos,
criar bases científicas e inovar, o
que se dá até o presente. Assim,
a aviação é o meio de transporte
mais seguro que há, o que repre-
senta não apenas a proteção de
quem está voando, mas também
daqueles que são sobrevoados.
O elevado índice de segurança
nas operações aéreas se traduz na
padronização mundial de normas
e procedimentos voltados ao voo.
A uniformização dos processos
também facilitou a criação de uma
cultura de segurança, dentro da
qual quaisquer acidentes ou inci-
dentes repercutem imediatamente
no seio da comunidade aeronáuti-
ca. Na prática, os aviadores apren-
deram que a prevenção e a análise
de eventuais erros ou falhas devem
ser prontamente incorporadas
em seu dia a dia na forma de um
aprendizado contínuo.

O CÉU E A TERRA
A segurança da aviação começa
no solo, ponto de partida para
suas operações. Muitas dessas
bases, criadas no Brasil princi-
palmente a partir das décadas de
1920 e 1930, seguem em ope-
ração. É o caso dos aeroportos
Campo de Marte e de Congo-
nhas, ambos na capital de São
Paulo, que foram fundados em

1929 e 1936, respectivamente.
O grande boom da criação de
aeroportos e aeródromos, porém,
aconteceu nas décadas de 1940
e 1950, com o lançamento de
programas como “Asas para o
Brasil” e “Marcha para o Oeste”
e a construção de Brasília, tudo
fomentado pelo excedente de ae-
ronaves provenientes da Segunda
Guerra Mundial e pelo interesse
em se promover a atividade
aeronáutica, o que consolidou a
integração do país. Contudo, se
nos céus tivemos a ordem, no
solo, veio o caos.
Enquanto a aviação se vale de
normas e regras rígidas, padro-
nizadas internacionalmente para
operar e existir, o poder público,
que tanto preza pelas regras no
ar, negligencia o solo, permitindo

o que há anos vem acontecendo
na terra.
O descaso com normas de
zoneamento urbano e o estímulo à
especulação imobiliária predatória
fizeram com que os principais
aeródromos e aeroportos do país,
originalmente localizados em
áreas distantes e isoladas, tivessem
seus arredores usurpados sem o
menor pudor pelas municipalida-
des, sem que estas observassem as
regras de segregação necessárias,
que sempre existiram (e existem
até hoje), mas que são deliberada e
impunimente colocadas ao largo.
É evidente que as cidades
tomaram os espaços de aeródro-
mos e aeroportos sem qualquer
contrapartida ou observação às
regras relacionadas às áreas de
segurança aeroportuárias ou à
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