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E
mbora lesse e ouvisse
comentários sobre ele já
havia alguns anos, meu
primeiro contato real
com um Airbus A320
aconteceu no começo do ano
- Eu trabalhava na TAM e a
chegada desse novo avião foi sau-
dada com entusiasmo, e também
cercada por grande expectativa.
Afinal, éramos a primeira empresa
a colocar essa família de aeronaves
em operação comercial no Brasil,
cerca de doze anos após sua intro-
dução no mercado – feita pela Air
France, em abril de 1988.
Do ponto de vista dos pilotos,
os A320 possuem características
e recursos que eram tidos como
absolutamente revolucionários na
época do lançamento do avião e
que, ainda hoje, são considerados
como tecnologia de ponta. Entre
eles destaco os comandos de
pilotagem por sistema FBW (fly-
-by-wire) com proteção ativa do
envelope de voo, o controle auto-
mático de aceleração (autothrust)
e o monitoramento de sistemas
pelo ECAM (electronic centralized
aircraft monitoring) – recursos até
então exclusivos de aeronaves mi-
litares e do supersônico Concorde.
Realizamos primeiro um cur-
so teórico sobre o modelo (ground
school), que foi feito no Brasil por
meio de CBT (computer based
training), o que também era uma
inovação na época. Fomos em
seguida para Miami, nos Estados
Unidos, dar sequência ao treina-
mento nos simuladores de voo do
Airbus Training Center. Foram 45
dias de muito estudo e exercícios
práticos, com uso intensivo de
recursos de simulação que, se hoje
são razoavelmente comuns, há 20
anos pareciam ficção científica. A
preparação cuidadosa das tripula-
ções assegurou em grande medida
a introdução bem-sucedida deste
equipamento na frota da TAM.
Durante a parte teórica, o curso
dedicou um módulo de instrução
exclusivamente à análise dos aci-
dentes até então ocorridos com o
modelo. Cada evento foi detalha-
damente analisado e discutimos
todos os fatores contribuintes, o
que nos deu um excelente conhe-
cimento e grande confiança no
novo avião.
SIDESTICKS E FBW
Ao entrar no espaçoso cockpit de
um A320, a primeira coisa que
chama a atenção é a ausência dos
tradicionais manches, substituí-
dos por dois controles laterais de-
nominados sidesticks, semelhan-
tes aos joysticks usados em jogos
de computador. Revolucionários