Aero Magazine - Edição 320 (2021-01)

(Antfer) #1

MAGAZINE 320 | (^59)
(+30° e -15°) e bank (67°). O
sistema também não permite que
o piloto faça com que a aeronave
perca sustentação (entre em estol),
nem que exceda por larga margem
a velocidade máxima recomenda-
da pelo fabricante. Há, ainda, uma
proteção contra fatores de carga
elevados (acima de 2,5 g positivos
ou 1,0 g negativo).
MAIS SEGURANÇA
É um equívoco comum achar
que o FBW limita a autoridade e
a ação dos pilotos. Na realidade,
a proteção ativa do envelope
de voo permite justamente o
contrário: com o computador
monitorando os parâmetros, a
tripulação pode explorar os limi-
tes absolutos de performance da
aeronave sem medo de perder o
controle do voo ou de danificá-la.
Isso é especialmente importante
em situações extremas, como
durante manobras de escape de
tesouras de vento (windshear),
em ações bruscas para evitar
choque com o solo diante de
um alerta de EGPWS (enhanced
ground proximity warning system)
ou, ainda, em manobras evasivas
de uma colisão iminente após um
alerta do TCAS (traffic collision
avoidance system).
Vamos a um exemplo. No caso
de um alerta EGPWS, o piloto
de uma aeronave convencional
deve imediatamente aplicar uma
sequência de ações memorizadas
(memory items): desacoplar o pi-
loto automático, levar os manetes
para potência máxima (TOGA,
ou take-off/go around), levantar
o nariz da aeronave para uma
determinada atitude (normalmen-
te um pitch de 20°) cuidando de
mantê-la constante, nivelar as asas
e recolher o speedbrake. Tudo isso
sem mudar as configurações de
trem de pouso e flaps.
Caso o piloto aumente exces-
sivamente a atitude, haverá a ati-
vação do stick shaker – uma forte
vibração no manche –, alertando-
-o para a possibilidade iminente
de um estol, que seria catastrófico
nesse cenário. Por outro lado, caso
não levante o nariz o suficiente,
a aeronave pode não ganhar a
altitude necessária para livrar
o obstáculo e entrar voando no
solo (o CFIT, ou controled flight
into terrain, é um dos tipos mais
letais de acidente aéreo). Essa é
uma condição de alto estresse e,
preocupados com o estol, nem
sempre as tripulações conseguem
aplicar a máxima performance de
subida da aeronave, que poderia
evitar a tragédia. Às vezes por
limitação das habilidades de voo
É um equívoco
comum achar que
o FBW limita a
autoridade e a ação
dos pilotos

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