Aero Magazine - Edição 320 (2021-01)

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necessário ficar “imaginando” o
sistema: ele aparece no monitor,
claramente desenhado.
Esse é um dos aspectos deste
avião que eu mais admiro. Em
outras aeronaves, uma falha em
algum sistema normalmente é in-
dicada por um sinal sonoro (mas-
ter caution ou master warning)
acompanhado por uma luz no
painel superior (overhead panel),
que indica qual sistema esta apre-
sentando mal funcionamento.
A tripulação deve então execu-
tar algumas ações de memória
(memory items) e procurar em
um manual físico (quick reference
handbook) informações sobre a
pane correspondente àquela luz,
a fim de seguir passo a passo o
que está indicado no checklist. Há
sempre uma boa chance de con-
fusão na identificação da pane ou
na aplicação dos memory items
e checklists – especialmente num
cenário onde a tripulação pode
estar sofrendo efeitos de fadiga,
múltiplas panes simultâneas, con-
dições meteorológicas adversas e
assim por diante.
Os aviões da família A320
contam com um computador de

bordo (flight warning comput-
er) que identifica e prioriza as
panes por ordem de seriedade.
Há pouquíssimos memory items,
quase todos associados a técnicas
básicas de pilotagem em determi-
nadas situações de emergência,
como já vimos. Num evento de
pane em sistemas, o computador
passa à tripulação pelo painel
uma indicação imediata e sem
ambiguidades sobre qual sistema
falhou, bem como um checklist
eletrônico listando todas as ações
que a tripulação deve tomar.
Além disso, enquanto não for
executado um determinado pro-
cedimento (por exemplo, desligar
um sistema), a linha referente a
essa ação não some, o que reduz
as chances de esquecimento ou
confusão. Após efetuar todas as
ações recomendadas para sanar
a falha, a tripulação recebe um
“resumo” do status da aeronave,
assim como uma lista de sistemas
inoperantes, ações e limitações
para a aproximação e o pouso.
Todos os indicadores referentes
aos sistemas estão dispostos de ma-
neira bem organizada no overhead
panel e o avião usa o conceito “dark

and quiet cockpit”. Isso significa que
esse painel só acende luzes ou emite
sons em casos de mal funciona-
mento que requeiram a atenção
dos tripulantes. Isso garante uma
carga de trabalho mais baixa, tanto
em situações normais como em
emergências. Desde seu lançamen-
to, os A320 podem ser operados por
apenas dois tripulantes. O automa-
tismo do avião é muito eficiente e
garante um voo seguro, confortável
e econômico.

APERTEM OS CINTOS,
O FBW SUMIU!
Uma das perguntas que mais ouço a
respeito dos A320 é: “E se o sistema
fly-by-wire der pane?”. Bem, o
primeiro ponto é entender que a
arquitetura dos sistemas de contro-
les de voo é extremamente robusta
e possui múltiplas redundâncias.
Cada avião conta com cinco FCC
(flight control computers) operando
simultaneamente sobre superfícies
de controle de voo diferentes, sendo
dois ELAC (elevator and aileron
computers) e três SEC (spoiler and
elevator computers) – aos quais se
somam mais dois FAC (flight augu-
mentation computers).

Figura 1
ECAM mostrando
o checklist em caso
de fogo no motor


  1. À medida que a
    tripulação executa
    as ações, elas
    somem da tela


Figura 2
Após realizar
todas as ações,
a tripulação tem
uma tela de status
mostrando os
sistemas que ficaram
inoperantes e
eventuais ações que
devem ser tomadas
para a aproximação
e o pouso


Figura 3
ECAM mostrando
os parâmetros
de motor na tela
superior e, na tela
inferior, a página
sinótica do sistema
elétrico. Note que
o gerador 1 está
inoperante

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