Viaje Mais - Edição 186 (2016-11)

(Antfer) #1

VIAJE MAIS^39


Do lado de fora da Catedral, o
burburinho rola com intensidade
nas quatro praças que a circundam:
Quintana, Imaculada, Prataria e
Obradoiro. Essa última ganha mais
vida com a chegada de peregrinos
exaustos após as longas e árduas
jornadas. A atmosfera de vitória e
trocas de energias positivas domi-
nam o ambiente, com cantorias e
lágrimas. Ao lado da praça, está o
antiquíssimo Hotel dos Reis Cató-
licos. Recheado de pátios e fontes
memoráveis, o abrigo foi criado em
1499 como um hospital para so-
correr os peregrinos. Paradoxal-
mente, transformou-se hoje em
uma hospedaria chiquezinha.
No centro histórico de Com-
postela, por suas ruas estreitas, proi-
bidas para carros, é bem fácil en-
contrar as famosas taperias espa-
nholas. A capital galega abriga cerca
de 1.100 restaurantes e bares, um
para cada 100 habitantes. A espe-
cialidade quase sempre é a “maris-
cada”, uma orgia de frutos do mar.
O pecado é não provar. Navalhas,
percebes, berberechos... são alguns
dos estranhos mariscos locais que
são degustados com muito azeite e

uma taça de vinho albariño. Ou, se
melhor apetecer, uma cerva local,
a Estrella da Galicia. Nenhum frutos
do mar, porém, é tão tradicional
quanto as vieiras, a macia carne da
concha que virou o singelo ícone
da cidade, e está pendurada nas
mochilas dos peregrinos. Em out ros
países, como na Alemanha, a vieira
é conhecida como “concha de San-
tiago”. O problema é o preço sal-
gadinho (uma unidade pode custar
até €12).
O mercado de Abastos em San-
tiago é uma boa opção para degus-
tar todas essas delícias e outras co-
sitas más, como o queijo tetilla (te-
tinha, em português), batizado as-
sim por conta do seu formato de
seio. Como 40% do leite produzido
na Espanha provém da Galícia, dá
para imaginar a qualidade dos quei-
jos da região. Ou então o “pulpo à
feira”, um polvo cozido que derrete
na boca, temperado com páprica.

E, na hora de adoçar a vida, nada
é mais clássica do que a Torta San-
tiago – de amêndoas e salpicada
com açúcar de confeiteiro –, acom-
panhada dos licores locais.

A COSTA GALEGA
O Caminho de Santiago não
acaba em Compostela, segue até
Finisterre, no ponto mais ocid ental
da costa espanhola, a 90 km de dis-
tância. Os peregrinos encaram três
dias para concluir esse trecho final
da caminhada. Mas dá para ir até
lá em pouco mais de uma hora de
carro, ou mesmo em passeios ba-
te-e-volta que saem da capit al galega
e levam a diversos pontos do re-
cortado litoral que vai de Carnota
a La Coruña. Finisterre é o pedaço
mais famoso, onde está a rocha do
marco zero do Caminho de San-
tiago. Próximo a ele fica o farol do
Cabo Finisterre, de 1853.
Nesse ponto, no alto da falésia,

Todos os bares do
centro antigo
servem porções de
frutos do mar,
como as vieiras e
o percebes

REGINACAZZAMATTA


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