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PAQUISTÃO
cidade de Quetta, no Paquistão, encon-
tra-se rodeada de altas montanhas co-
bertas de neve, mas Farheen, de 22 anos,
nunca se aventurou lá. Não frequentava os baza-
res da cidade, fazia poucos amigos e evitava os ra-
pazes. Gosta muito de dançar, mas apenas diante
do espelho, em casa: na sua cultura, as mulheres
podem ser envergonhadas por dançarem. “Não
sou conservadora”, diz. “Tenho é muito medo.”
Farheen, que tem apenas um nome, é uma ha-
zara. Pertence a um grupo étnico afegão e a uma
minoria religiosa xiita que há mais de um sécu-
lo é perseguida, discriminada e massacrada por
grupos étnicos rivais e pelos talibã, entre outros
extremistas religiosos. A pobreza e as vagas suces-
sivas de guerra e violência no Afeganistão empur-
raram muitos hazara para longe do país.
Na década de 1960, os avós de Farheen atraves-
saram a fronteira com o Paquistão e instalaram-
-se em Quetta, cidade onde vivem actualmente
cerca de meio milhão de hazara. Desde 2003,
centenas, talvez mesmo milhares, de hazara em
Quetta têm sido assassinados durante ataques
e atentados à bomba. A cultura hazara pode ser
brutalmente patriarcal.
A
Novas
escolhas
DEIXANDO A VIOLÊNCIA DA SUA CIDADE
NATAL, OPTARAM POR PROSSEGUIR OS
ESTUDOS E DESCOBRIRAM UMA CULTURA
MAIS ABERTA QUE INSPIRAVA A CRIATIVIDADE.
PAQuiStão
05 FOTOGRAFIAS DE SAIYNA BASHIR