National Geographic - Portugal (2021-02)

(Antfer) #1

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Mascomochegaraestavespaa França,vinda
dosseusterritórios deorigemnaÁsia?Aspri-
meirashipótesesforamapresentadasquandoo
MNHNconseguiucontactarumhorticultorque
asseguroutervistoo insectoem 2004 nessames-
maregião. Erapossível,disse,quetivesseche-
gadoaointeriordaspeçasdecerâmicachinesa
queimportara,a bordodeumcargueirochinês
queatracounoportodeBordéus.Análisesmo-
lecularesrealizadaspeloCNRSconfirmaramas
suspeitas:eraaVespavelutina, dasubespécieni-
grithorax. OutrosestudosrealizadosemFrançaa
partirde 2007 revelarammuitosaspectosdesco-
nhecidosdestavespa.Conseguiramatédetermi-
nar,atravésdecomplexasanálisesgenéticas,que
a invasãofora,possivelmente,desencadeadapor
umaúnicarainhafecundadaporumoudoisma-
chos,provenientedeumaáreasituadaentreas
provínciaschinesasdeZhejiange Jiangsu.
Comomuitasoutrasvespassociais,aVespave-
lutinageracolóniasanuaisestabelecidasporuma
únicarainhadepoisdefundarumpequenoninho


na Primavera, feito com fi bras de madeira masti-
gada. Nesse ninho embrionário, a rainha fecunda-
da (se não o estivesse, apenas nasceriam machos
dos seus ovos) deposita a sua primeira postura e
cuida dela até emergir o primeiro grupo de obrei-
ras adultas. “Estas ampliam o ninho embrionário
e alimentam as larvas para que a rainha se dedi-
que exclusivamente à produção de ovos. A colónia
iniciada por uma única rainha poderá produzir 15
mil indivíduos entre Abril e Novembro. No Outo-
no, um ninho poderá acolher 2.000 obreiras ca-
pazes de produzir mais de mil futuras rainhas e
machos”, explica Claire Villemant, conservadora
da colecção de himenópteros do MNHN.
No fi nal do Verão, constroem celas para criar
fêmeas e machos férteis, que abandonarão o
ninho no Outono, quando a vida da rainha já se
aproximadofim,iniciandoosvoosdeacasala-
mento.Asfêmeas,poliândricas,acasalarãocom
váriosmachos.Emseguida,a maioriadosexem-
plaresmorrerácomo despontardoInverno,ex-
ceptoasfuturasrainhas.Estasempanturram-se
dealimentosricosemaçúcaresantesdeentra-
rememhibernação,escondidasnalgumrecanto
e,naPrimavera,asquetiveremsobrevividoao
frio(estima-sequeapenas5%dototal)saemem
buscadeumnovolocalparareiniciaro seuciclo
vitalquepodeterlugaraté 50 quilómetrosdo
vespeiroondenasceram,o qual,umavezaban-
donado,seirábiodegradando.

HOJE, 16 ANOSDEPOISdasuaprimeiraincursão
emterritóriofrancês,estavespainstalou-seconfor-
tavelmentenaEuropa.AlémdeFrança,fixou-sena
Alemanha,naBélgica,noLuxemburgo,nosPaíses
Baixos,naSuíça,emItáliae naPenínsulaIbérica.
É possíveldistingui-laporpossuiro abdómennegro
e exibirumafinalinhaamarelanoiníciodestee
umaamplafaixacordelaranjanoquartosegmento.
Asrainhasmedem3,5centímetrosnaPrimavera.
Osmachosmedem3 centímetrose asobreiras,2,5
centímetros.EmEspanha,o primeiroa avistá-las,
em2010,foio entomólogoSantiagoPagola,em
Amaiur,nacomunidadedeNavarra.Eleencontrou
umavespamortanosoloe entrouemcontactocom
LeopoldoCastro.Esteespecialistaemhimenópteros
jápreviraa entradaiminentedoinvasornoPaís
Basco,a partirdeFrança,e acompanhara,aopor-
menor,a suaevoluçãonaqueleterritório.Actual-
mente,a vespa-asiática“estápresentedeforma
permanenteemzonasdaGaliza,Astúrias,Cantá-
bria,PaísBasco,Navarra,LaRioja,Castelae Leãoe
Catalunha.Deformaesporádica,tambémfoi

A VIAGEM DA VESPA
Tudo indica que uma única rainha fecundada
tenha desembarcado em 2004 no porto de
Bordéus, oculta no interior de uma peça de cerâmica.
Dezasseis anos mais tarde, colonizou grande parte
do território europeu, onde se fixou em França,
Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Luxemburgo,
Bélgica, Países Baixos e Suíça. No Reino Unido, os
ninhos detectados foram destruídos, mas a espécie
já deverá estar disseminada pelo Sul das ilhas.


Permanente

Presença da
vespa-asiática na
Europa em 2020


Esporádica

MAPA: NGM-E. FONTE: LEOPOLDO CASTRO
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