OBSERVADOR DE PORCOS-ESPINHOS há mais de 30 anos, Uldis Roze
não faz ideia de quantas vezes já ouviu a mesma piada. “Como se
reproduzem os porcos-espinhos? Com muito cuidado.” A resposta
está “correcta, mas não é muito esclarecedora”, diz este professor
emérito de Biologia no Queens College de Nova Iorque. Na reali-
dade, o ritual de acasalamento do Erethizon dorsatum é bastante
elaborado, prolongado e... húmido.
A época anual de acasalamento da espécie acontece no início do
Outono. Na árvore escolhida, a fêmea sinaliza que está prestes a
procriar, segregando uma substância odorífera. Atraídos pelo cheiro,
os machos lutam entre si nos ramos das árvores e no solo. Aquele
que ganhar a disputa conquista também direitos de acasalamento,
mas a sedução ainda não está completa.
Para induzir o cio na fêmea, o macho esguicha urina para a fêmea:
algumas gotas de cada vez. A urina é “impulsionada a uma velocidade
tão elevada que, mesmo que um macho esteja distante da fêmea, a
urina pode alcançá-la “, diz Uldis Roze. O macho continua assim, “em
projecções repetidas ao longo de muitas horas”, até a fêmea entrar
no “espírito”. Por norma, os dois descem da árvore para acasalar.
Os espinhos podem tornar o acto de montar a fêmea numa suges-
tão... espinhosa. Porém, quando esta está pronta, curva a cauda por
cima do lombo coberto de espinhos de forma a que a parte de baixo
da cauda sem espinhos fique virada para cima. O macho pode deste
modo colocar as patas nessa superfície e passar à acção.
Sete meses depois, a fêmea dará à luz uma única ninhada. A cria
nasce já com todos os espinhos, mas também embrulhada no saco
amniótico para facilitar a chegada ao mundo. — PATRICIA EDMONDS
AMOR...
PICANTE
ENTRE OS
PORCOS-
-ESPINHOS
FOTOGRAFIA DE
JOEL SARTORE
INSTINTO BÁSICO (^) | EXPLORE
ESTE PORCO-ESPINHO-NORTE-AMERICANO FOI FOTOGRAFADO NO ZOOLÓGICO DAS GRANDES PLANÍCIES EM SIOUX FALL, DAKOTA DO NORTE (EUA).