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Em 2008, porém, os pecaris vieram acompa-
nhados por vigilantes da natureza, alguns dos
quais armados. Com os seus próprios guardas
para os protegerem, os pecaris tornaram-se des-
temidos, devorando as culturas, enquanto os al-
deãos os observavam, impotentes. Foi uma vitó-
ria a curto prazo para a conservação: os aldeãos
mataram apenas cinco pecaris nesse ano. A lon-
go prazo, porém, alargou o fosso que separava o
parque das pessoas.
QUANDO VISITEI RANCHO QUEMADO onze anos
mais tarde, o local tinha uma energia muito dife-
rente. Fui acompanhado por Marco Hidalgo, gestor
de contacto comunitário da Osa Conservation. No
restaurante ao ar livre de Enrique Ureña, sobrinho
do patriarca da família, a migração sazonal dos
pecaris pela aldeia voltou a ser tema de conversa,
mas agora a hipótese de trabalho era o melhor
modo de proteger os animais.
Outrora, Enrique fora um dos maiores oposi-
tores do parque, pois temia que os vigilantes da
natureza estivessem demasiado espalhados pelo
terreno. Advogou a necessidade de voluntários
locais para escoltar os pecaris enquanto estes se
deslocavam. Marco referiu que a Osa Conserva-
tion implementara um projecto de vigilância de
pecaris colocando coleiras transmissoras em al-
guns animais para que os movimentos do grupo
pudessem ser facilmente acompanhados.
“Quem deve usar as coleiras não são os peca-
ris”, disse Espiritu, a mãe idosa de Enrique, inter-