MULHERESEMMIGRAÇÃO 59
EM CIMA
Raxma Xasan Maxa-
muud, de 36 anos,
encontra-se há três anos
num campo para desloca-
dos nos arredores de
Burco, na Somalilândia.
Tem saudades da
abundância e felicidade
dos seus tempos de
pastora, antes de os
rebanhos da família pere-
cerem devido à seca.
À ESQUERDA
As irmãs Maryan Yusuf,
de 15 anos, e Xaawa
Yusuf, de 12, estudam
árabe na residência
da família no Norte
da Somalilândia, sob
o olhar da mãe, Caasha
Jaamac (ao centro), de
40 anos. A família viu-se
obrigada a reconstruir
a vida por duas vezes,
depois de perder tudo:
primeiro, devido à seca
e, mais tarde, devido
a um ciclone. Muitos
somalis encaram os
estudos como forma
de preparação dos
filhos para um futuro em
que o tradicional modo
de vida pastoril possa
deixar de ser viável.
Cerca de seiscentas
mil pessoas estão
ENCALHADAS
na Somalilândia,
dependendo de ajuda
humanitária para
obter comida e água.
Raxma encontra-se actualmente num campo, à
semelhança de mais 600 mil habitantes da Soma-
lilândia, todos dependentes de ajuda humanitá-
ria para obterem comida e água. Raxma ainda não
perdeu a esperança. Deu à sua filha mais nova,
nascida já no campo, o nome de Barwaaqo, uma
palavra evocativa da prosperidade, abundância e
felicidade vividas quando os rebanhos são saudá-
veis, as chuvas abundantes e as terras verdejan-
tes. Raxma perdeu quase tudo, mas o nome da
sua filha exprime a gratidão sentida pelo facto de
a sobrevivência da sua família ser, em si mesma,
uma espécie de riqueza. — A. A.