Os termos eram claros: as mulheres deveriam
vir preparadas para negociar mensalidades para
si próprias e famílias e os homens deveriam
declarar o seu salário. Em retribuição da sua
beleza, juventude e companhia, as mulheres
pretendem estabilidade financeira e, no caso de
Tuyen, a oportunidade de trabalhar e enviar di-
nheiro para casa, para a família. As remessas de
dinheiro são determinantes nas regiões rurais
pobres do Vietname.
“Não se trata de amor”, explica Mark Lin, casa-
menteiro e proprietário da agência matrimonial
True Love Vietnam Bride, em Singapura. Mark
sabe que a sua indústria se aproveita da dispari-
dade económica. Em Singapura, o rendimento
médio anual é de 75.100 euros; no Vietname, é de
6.330. Independentemente dos defeitos que impe-
çam os seus clientes de arranjar mulheres para se
casarem em Singapura, pelo menos têm mais di-
nheiro do que as suas companheiras vietnamitas.
Tuyen pediu a Tony uma mensalidade de 302
euros, tendo-lhe ele contraproposto 180 euros, o
montante que ganharia se tivesse ficado no seu
país a vender comida numa banca de rua. Não é
suficiente para sustentar a família, mas ela tem
esperança de conseguir emprego num salão de
manicura, caso a sua licença de trabalho seja
aprovada. Poderia assim enviar dinheiro para os
pais e para o seu filho de 5 anos.
Para permanecer e trabalhar em Singapura,
uma esposa migrante precisa de apresentar um
requerimento para a concessão de um visto de
visitante de longa duração, que é renovado a
pedido do marido anualmente ou de dois em
dois anos. Se ele não pedir a renovação, a mu-
lher perde os seus documentos e possivelmente
a custódia de todos os filhos nascidos do ma-
trimónio. As mães, que dependem dos maridos
para continuarem a viver em Singapura, podem
sofrer maus tratos, negligência e infidelidade,