Adega - Edição 184 (2021-02)

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Revista ADEGA - Ed.184 | (^51)
Até hoje, o vinhedo
de To Kalon é
considerado uma
das principais joias
da região
Far Niente foi uma das empresas mais
proeminentes do Napa até a Lei Seca,
em 1919, quando então literalmente
fechou suas portas. Sessenta
anos depois ela foi restaurada e
reencontrou suas origens.
Martha, Mondavi e o boom
A história moderna de Oakville
começou, na verdade, nos anos



  1. Foi nessa época que o então
    jovem Robert Mondavi, que deixara a
    vinícola da família no Napa, a Charles
    Krug, para iniciar uma com seu
    próprio nome, selecionou uma seção
    do vinhedo To Kalon como local para
    a nova empreitada. Ele construiu a
    primeira vinícola de porte a abrir no
    vale desde o fim da Lei Seca em 1933.
    O movimento de Mondavi deu ânimo
    à indústria do vinho.
    Na mesma época, o casal Tom
    e Martha May compraram sua
    propriedade, também no início
    dos anos 1960. Eles cultivaram um


pequeno vinhedo batizado com o
nome de Martha, que se tornaria
uma lenda em pouco tempo. Diz-
se que Tom foi um dos primeiros
a pensar em cultivo orgânico e
tentou, a todo custo, não irrigar seu
vinhedo. Os Mays então conheceram
a família Heitz, e Joe Heitz ficou tão
impressionado com a qualidade das
uvas de Tom que criou o primeiro
single vineyard do Napa, com seu
Heitz Cellar Martha’s Vineyard
Cabernet Sauvignon 1966.
Joe também foi um dos primeiros
a precificar seus vinhos em um
patamar elevado, buscando uma
categoria premium. No começo,
acharam que ele estava louco, mas
em pouco tempo Martha’s Vineyard
ser tornou um vinho aclamado pela
crítica. Na década de 1990, Martha’s
Vineyard, como muitos outros
vinhedos no Napa, foi atingido pela
filoxera e teve que ser replantado, só
voltando a produzir integralmente

em 1996. Até hoje, os May vendem
suas uvas para os Heitz.
A fama dos vinhos de Oakville,
especialmente dos Cabernet, aos
poucos, atraiu a atenção e não à
toa, no início dos anos 1970, o barão
Philippe de Rothschild, após visita
a Robert Mondavi, já considerava
uma possibilidade de parceria. Isso
se concretizou em 1979 com a criação
de Opus One, uma joint venture
franco-americana que abriu caminho
para que outros investimentos
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