68 |^ Revista ADEGA -^ Ed.184
que os vinhos locais devem seguir, ainda tem
como tarefa impedir que o nome Champagne
seja usado irregularmente.
Os italianos se vangloriam do fato de
que teriam criado a primeira denominação
de origem de vinhos do mundo. Em 1716,
Cosimo III de Médici, grão duque da Toscana,
publicou o “Bando”, uma declaração em
que delimitava as fronteiras e determinava
as primeiras regras da produção de Chianti.
Essa teria sido a primeira peça legislativa
visando, de certa forma, “proteger” os
produtores locais, um esboço do que se tem
hoje com consórcios reguladores e órgãos
governamentais – especialmente europeus
- que regulamentam as denominações de
origem.
Ainda no século XVIII, os húngaros
apontam que também teriam criado algo
similar na região de Tokay. Eles, aliás,
afirmam que, por volta de 1730, o príncipe
Rakoczi teria ido além e criado o primeiro
sistema de classificação de vinhedos
por qualidade. Diz-se que ele sugeriu a
delimitação da produção e a divisão dos
vinhedos em quatro categorias de qualidade.
Até hoje, contudo, não há consenso sobre
uma classificação oficial como ocorre, por
exemplo, em Bordeaux, que foi criada em
1855 a pedido de Napoleão III e ainda é válida.
Não podemos esquecer de outra “DOC”
criada nesse período, a do Vinho do Porto.
Até hoje os portugueses “veneram” uma
figura crucial em sua história, Sebastião
José de Carvalho e Melo, o Marquês de
Pombal, o principal ministro do rei D. José
I. Em 1756, Pombal determinou o controle
estatal sobre o comércio do Vinho do Porto e
também os limites da área vitivinícola, que
foi demarcada com sua posição assinalada
com 335 pilares de pedra, conhecidos como
“marcos pombalinos”.
Mas essas primeiras “denominações” de
vinho não podem ser consideradas as mais
antigas do planeta. Levando em consideração
que as DOC visam delimitar e proteger a
produção alimentar, há denominações
anteriores. A do queijo Roquefort, por
exemplo, é considerada a primeira, tendo
sido “regulamentada” por um decreto de 1411.
Denominações modernas
Obviamente que as questões envolvendo
a produção de determinados locais foram
evoluindo de forma que, em certo ponto,
precisou-se formalizar regras e procedimentos,
além de grupos “diplomáticos” para solicitar
aos governos que nomes de certas regiões
não fossem usados por produtores que
não pertencessem à área ou, mesmo que
pertencessem, não seguissem regras pré-
estabelecidas. Como é de se imaginar, foi na
França que surgiu um dos primeiros órgãos
governamentais para tentar regulamentar
as denominações de origem, ou, como eles
chamam: Appellation d’Origine Protégée (AOP).
Os primórdios do “Institut national de
l’origine et de la qualité” (antes conhecido
como “Institut National des Appellations
d’Origine”), cuja sigla é INAO, remonta ao
começo do século XX, quando o governo
francês passou a dar atenção para alguns
problemas dos agricultores, entre eles o dilema
das delimitações das produções. O INAO foi
Em 1716, Cosimo
III de Médici,
grão duque da
Toscana, publicou
o “Bando”, uma
declaração em
que delimitava
as fronteiras e
determinava as
primeiras regras
da produção de
Chianti