Adega - Edição 184 (2021-02)

(Antfer) #1

72 |^ Revista ADEGA -^ Ed.184


France, isso passou a ser permitido. Além disso,
mais recentemente, diversas DOCs francesas
passaram a considerar algumas flexibilizações
de regras como acréscimo de variedades menos
tradicionais, uso de técnicas de vinificação até
então banidas etc. Por quê?
Uma das razões seria o enfrentamento
do aquecimento global, outra certamente é
o desafio “competitivo” com produtores de
regiões onde há regras bem menos rígidas,
especialmente no Novo Mundo, com suas
denominações de origem bastante ecléticas.
Yves Cuilleron, um dos mais prestigiados
produtores do Rhône afirma: “Quando você
rotulava um vinho como Vin de Table, não
podia mencionar a variedade de uva ou safra;
agora, com Vin de France, pode. No entanto,
se decidir rotular meu vinho como IGP, posso
especificar que vem do Rhône. Mas Vin de
France (que não permite nenhuma indicação
geográfica no rótulo) me permite mais
liberdade para incluir outras uvas, definir meus
próprios níveis de rendimento e determinar a
composição química do vinho”.
Uma das propriedades de maior prestígio

a lançar um Vin de France foi o Château
Palmer, de Bordeaux. Em 2004, ele criou a série
Historical XIX Century Wine (que precisou ser
rotulado como “Vin de Table” na época), um
blend de uvas de Bordeaux com uma porção
de Syrah proveniente de um vinhedo secreto
no Rhône. Outro exemplo mais recente é o do
Liber Pater, atualmente um dos vinhos mais
caros de Bordeaux e do mundo. Ele é feito
na propriedade de Loïc Pasquet em Graves.
Como o enólogo costuma usar variedades não
permitidas (ditas ancestrais), seus vinhos nunca
recebem o nome da região e, algumas vezes,
precisam ser rotulados somente como “Vin de
France”.
“Quero que meus vinhos tenham
personalidade própria, e a degustação (para
aprovação dos vinhos dentro de uma DOC) gira
em torno da variedade da uva, e não do terroir.
A noção de denominação ainda tem força na
França, mas tudo que você precisa fazer é olhar
para o Novo Mundo para ver que a denominação
não é mais a chave principal para vender um
vinho”, afirma Jeff Coutelou, produtor do
Languedoc.

Uma das
propriedades de
maior prestígio
a lançar um Vin
de France foi o
Château Palmer,
que, em 2004,
criou a série
Historical XIX
Century Wine
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