P
ai, é mar?," perguntou João Pe-
dro, polegar na boca e olhos
atônitos colados à janela. O mar de
João era a névoa espessa que cobria
a paisagem e escondia as encostas
verticais ao nosso redor. A Pousada
Serra da Estrela, onde estávamos,
era então uma ilha sobre a névoa,
a 1.200 metros de altitude.
Fruto de uma época em que o
ar das montanhas era profilaxia pa-
drão em casos de tuberculose, o
prédio onde funciona a pousada
foi construído para ser um hospital
dos funcionários dos Caminhos de
Ferro de Portugal. A excelente lo-
calização nas montanhas escarpadas
da Serra da Estrela – que ostenta as
maiores altitudes de Portugal con-
tinental – era uma promessa de tra-
tamento eficaz.
Localizado a 6 km de Covilhã,
uma das maiores cidades da região,
o prédio teve vida longa como sa-
natório – função que cumpriu até
1969 sob diferentes administrações.
O turismo, porém, custou a des-
lanchar, e a pousada, aberta em
2014, ainda é novidade.
Quando cheguei ali, me pergun-
tava se preferia ser rainha em Gui-
marães a paciente na Serra da Es-
trela. Do lado de dentro, tudo evoca
um sanatório, mas nada se parece
com um. As paredes ainda são de
um branco quase estéril, e os azu-
DE FÉRIAS NO SANATÓRIO
"