Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
no caso em que se deseja fornecer evidências para garantir à opinião
pública que é seguro viver próximo a um depósito de lixo tóxico.

Valor P


Vamos agora retornar à hipótese nula, cujo objetivo central ficará
finalmente mais claro. A hipótese nula tem apenas uma única função:
funcionar como um espantalho. É pressuposta como verdadeira até ser
rejeitada como falsa por um teste estatístico. Na análise dos dados, um
teste estatístico é usado para determinar o valor P, que é a probabilidade
de se encontrar – apenas pelo acaso – um efeito tão ou mais forte que o
que seria encontrado no estudo se a hipótese nula fosse realmente
verdadeira. O ponto central é perceber que, se a hipótese nula for
verdadeira, e realmente não houver diferença na população, então a única
forma que o estudo poderia ter encontrado uma diferença na amostra seria
pelo acaso.
Se essa possibilidade for pequena, então a hipótese nula de que não há
diferença pode ser rejeitada em benefício da hipótese alternativa de que há
diferença. Por “pequena” queremos dizer que o valor P é menor que α, o
nível predeterminado de significância estatística.
Entretanto, um resultado “não significativo” (valor P maior que α) não
significa que não há associação na população; significa apenas que o
resultado observado na amostra é pequeno comparado ao que poderia ser
encontrado pelo mero acaso. Por exemplo, um investigador pode concluir
que mulheres que participam de competições esportivas universitárias têm
o dobro da probabilidade de serem submetidas à artroplastia de quadril
quando mais velhas do que as que não participam dessas competições,
mas, uma vez que o número artroplastias de quadril no estudo foi
modesto, esse efeito aparentemente forte teve um valor P de apenas 0,08.
Isso significa que, mesmo não havendo associação entre atividade
esportiva e artroplastia de quadril na população, haveria, apenas pelo
acaso, uma probabilidade de 8% de se encontrar uma associação de
magnitude pelo menos semelhante à observada pelo investigador. Se o
investigador tivesse configurado o nível de significância como um a
bilateral de 0,05, teria concluído que a associação na amostra “não foi
estatisticamente significativa”.
Nesse caso, poderia ser tentado a mudar de opinião e alterar o valor P
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