Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

Situações apenas grosseiramente comparáveis e achados de baixa
qualidade ou desatualizados já podem ser úteis. Por exemplo, existem
dados sobre qualidade de vida em pacientes com outros problemas
urológicos ou com condições de saúde relacionadas, como vivendo com
uma colostomia? Se a revisão da literatura não for produtiva, deve-se
então consultar outros investigadores sobre o que esperar, ou sobre a
existência de algum estudo não publicado que possa ser relevante.
Se ainda faltarem informações, o investigador pode considerar obter os
ingredientes que faltam por meio de um pequeno estudo-piloto ou da
análise de dados secundários, antes de se aventurar no estudo principal.
Na verdade, um estudo-piloto é fortemente recomendado para
praticamente todos os estudos que envolvem novos instrumentos, métodos
de mensuração ou estratégias de recrutamento. Ele economiza tempo, pois
permite que o pesquisador planeje o estudo principal de maneira muito
melhor. Estudos-piloto permitem estimar o desvio-padrão de uma medida
ou a proporção de sujeitos com uma característica específica. Entretanto,
uma alternativa é reconhecer que, no caso de variáveis contínuas com
distribuições próximas da normalidade, o desvio-padrão pode ser
estimado em um quarto da amplitude entre os limites superior e inferior
de uma faixa comum de valores, ignorando valores extremos. Por
exemplo, se a maioria dos sujeitos tem grande probabilidade de apresentar
um nível de sódio sérico entre 135 e 143 mEq/L, o desvio-padrão do
sódio sérico seria estimado em torno de 2 mEq/L (1/4 × 8 mEq/L).
Outra estratégia, quando há dúvidas sobre a média e o desvio-padrão de
uma variável contínua ou categórica, é dicotomizar essa variável. As
variáveis categóricas podem ser redistribuídas em dois grupos, e as
contínuas podem ser divididas na sua média ou mediana. Por exemplo,
dividir a qualidade de vida em “melhor do que a mediana” ou “igual ou
pior do que a mediana” evita a necessidade de estimar o desvio-padrão na
amostra, embora ainda seja necessário estimar a proporção de sujeitos
com valores acima da mediana nos dois grupos sob investigação. O teste
do qui-quadrado pode, então, ser usado para fazer uma estimativa
razoável, embora levemente elevada, do tamanho de amostra.
Com frequência, no entanto, o investigador deve escolher a magnitude
de efeito detectável com base em um valor que considere clinicamente
relevante. Nesse caso, o investigador deve buscar aconselhamento a

Free download pdf