Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
respeito de sua escolha com colegas que trabalham nessa área. Por
exemplo, imagine que um investigador está estudando um novo
tratamento invasivo para gastroparesia grave refratária, uma doença na
qual no máximo 5% dos pacientes melhoram espontaneamente. Seus
colegas gastrenterologistas disseram que, se o tratamento se mostrar
efetivo, estariam dispostos a tratar até 5 pacientes para produzir um
benefício sustentado em apenas um deles (como o tratamento possui
efeitos colaterais significativos e é caro, eles acham que não estariam
dispostos a um número maior do que 5). Um número necessário tratar
(NNT) de 5 corresponde a uma diferença de risco de 20% (NNT =
1/diferença de risco) e, portanto, o investigador deve estimar o tamanho
de amostra baseando-se na comparação P 1 = 5% versus P 2 = 25% (isto é,
59 pacientes por grupo, considerando poder igual a 0,80 e α bilateral de
0,05).
Se tudo isso falhar, o investigador deve fazer um “chute científico”
sobre os valores prováveis dos ingredientes que faltam. O processo de
pensar o problema por etapas e imaginar os achados geralmente leva a
uma estimativa razoável, e é isso que significa planejar o tamanho de
amostra. Normalmente essa é uma opção melhor do que simplesmente
decidir, na ausência de qualquer justificativa, delinear um estudo com
poder de 80% e α bilateral de 0,05 para detectar uma magnitude
padronizada de efeito de, digamos, 0,5 entre os dois grupos (n = 64
sujeitos por grupo, nesse caso). Raros revisores de projetos de pesquisa
irão aceitar uma decisão inteiramente arbitrária como essa.

■ ERROS COMUNS QUE DEVEM SER EVITADOS


Muitos investigadores com pouca experiência (e até mesmo alguns com
muita experiência!) cometem erros ao planejar o tamanho de amostra.
Alguns dos erros mais comuns são:


  1. Um erro comum é estimar o tamanho de amostra tarde demais no
    delineamento do estudo. É importante fazê-lo cedo no processo,
    quando mudanças fundamentais ainda podem ser feitas.

  2. Variáveis dicotômicas podem aparentar ser contínuas quando
    expressas como percentagem ou taxa. Por exemplo, o estado vital

Free download pdf