Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

  1. Confundimento Real Um terceiro fator leva ao consumo de café e
    causa o infarto

  2. Causa-efeito Real O consumo de café é causa do infarto


As duas outras explicações, efeito-causa e confundimento, dão origem
a associações que são reais na população, mas não são causais na direção
de interesse. Para estabelecer que a relação causa-efeito é a explicação
mais provável para uma associação, é preciso demonstrar que essas outras
explicações são improváveis.
Costuma-se quantificar o efeito causal de uma variável preditora sobre
um desfecho usando uma medida de associação, como o risco relativo
(razão de riscos) ou a razão de chances. Por exemplo, suponha que um
estudo mostre que tomar café está associado ao infarto do miocárdio, com
um risco relativo de 2,0. Uma possibilidade – presumivelmente a que o
investigador achou mais interessante – é que tomar café dobra o risco de
sofrer um infarto. Antes de chegar a essa conclusão, no entanto, devem-se
considerar e descartar as quatro explicações rivais.
Em virtude do acaso ou de viés, o consumo de café pode estar associado
a um aumento de duas vezes no risco de infarto do miocárdio no estudo,
mesmo essa associação não estando presente na população. Assim, o
acaso e o viés dão origem a associações espúrias (isto é, não reais) em um
estudo.
As outras duas alternativas – efeito-causa e confundimento – são
fenômenos biológicos verdadeiros, o que significa que consumidores de
café na população realmente têm o dobro do risco de infarto do
miocárdio. Entretanto, esse aumento do risco não se dá por uma relação
de causa-efeito. Em uma situação, a associação deve-se a uma relação
efeito-causa: ter um infarto leva as pessoas a tomarem mais café. (Nesse
caso, apenas causa e efeito ao contrário.) A última possibilidade,
confundimento, ocorre quando um terceiro fator, como tipo de
personalidade, leva tanto ao consumo de café quanto ao infarto do
miocárdio.
No restante deste capítulo, iremos discutir estratégias para estimar e
minimizar a possibilidade dessas quatro explicações alternativas para uma
associação em um estudo observacional. Essas estratégias podem ser

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