Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

amostrados a partir de pacientes hospitalizados por doenças que não
sejam o infarto do miocárdio. Se muitos controles apresentarem
doenças crônicas que os levaram a diminuir o consumo de café, a
amostra de controles não seria representativa da população que originou
os casos. Estariam faltando sujeitos que consomem café. Além disso, se
o espasmo esofágico, que pode ser exacerbado pelo café, for
diagnosticado erroneamente como infarto, seria observada uma
associação espúria entre café e infarto, uma vez que o desfecho medido
(diagnóstico de infarto) não representaria corretamente o desfecho de
interesse (infarto real).
O passo seguinte é pensar possíveis estratégias para prevenir cada um
dos potenciais vieses detectados, como selecionar mais de um grupo-
controle em um estudo de caso-controle (Capítulo 8) ou as estratégias
para reduzir o viés de aferição descritas no Capítulo 4. Em cada
situação, é necessário avaliar a probabilidade de viés e se ele poderia ser
facilmente prevenido com mudanças no plano de estudo. Se o viés for
facilmente prevenível, revisa-se o plano de estudo e repetem-se as três
questões mencionadas. Se o viés não for facilmente prevenível, é hora
de se questionar se ainda vale a pena fazer o estudo, avaliando a
probabilidade do potencial viés e o quanto ele poderia distorcer a
associação que você está tentando estimar.
Pode ser impossível ou muito dispendioso evitar alguns dos
potenciais vieses. Além disso, muitas vezes o investigador fica em
dúvida sobre até que ponto esses vieses constituem um problema.
Nesses casos, deve-se considerar coletar dados adicionais que
permitirão avaliar o quanto esses vieses poderão afetar os resultados.
Por exemplo, o investigador pode estar preocupado que os casos em um
estudo sobre câncer de pâncreas poderiam hiper-relatar exposições
recentes a substâncias tóxicas, possivelmente porque estão buscando
desesperadamente por uma explicação de por que desenvolveram essa
doença. Para lidar com essa possibilidade, o investigador poderia
também incluir perguntas sobre exposições (como consumo de café)
que estudos prévios já demonstraram não ter efeito sobre o risco de
desenvolver esse tipo de câncer. Se o investigador estiver preocupado
que um questionário poderia não capturar acuradamente o consumo de
café (p. ex., devido a questões mal formuladas), ele pode designar um

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