Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

sexo, raça, classe social, fatores genéticos) são controladas, pois cada
sujeito é comparado apenas consigo mesmo em um diferente período no
tempo.
Outro delineamento oportunístico envolve um experimento natural no
qual os sujeitos são expostos ou não expostos a um determinado fator de
risco por meio de um processo que, na prática, atua aleatoriamente (7).
Por exemplo, Lofgren e colaboradores (8) estudaram os efeitos da
descontinuidade dos cuidados hospitalares, aproveitando-se do fato de que
os pacientes admitidos após as 17h em sua instituição eram alocados a
residentes do último ano que davam prosseguimento aos cuidados desses
pacientes ou os transferiam para outra equipe na manhã seguinte. Os
autores mostraram que os pacientes cujo atendimento foi transferido
tinham 38% mais solicitações de testes laboratoriais (P = 0,01) e tinham
uma mediana de tempo de permanência dois dias maior (P = 0,06) do que
aqueles mantidos na mesma equipe. Da mesma forma, Bell e Redelmeier
(9) estudaram os efeitos de características das equipes de enfermagem
comparando os desfechos de pacientes com diagnósticos selecionados
admitidos em finais de semana com aqueles de pacientes admitidos em
dias úteis. Eles encontraram uma maior mortalidade por todas as
condições clínicas que eles imaginaram que seriam afetadas pelo menor
número de profissionais prestando atendimento nos finais de semana, mas
não houve aumento de mortalidade nos pacientes hospitalizados devido a
outras condições.
Na medida em que diferenças genéticas na suscetibilidade a uma
exposição são elucidadas, uma estratégia denominada randomização
mendeliana (10) torna-se uma opção. Essa estratégia funciona porque,
para polimorfismos genéticos comuns, o alelo que uma pessoa recebe é
determinado aleatoriamente dentro de cada família e não está associado à
maioria das variáveis confundidoras.
Por exemplo, alguns agricultores que aplicam inseticidas em ovelhas
(para eliminar carrapatos, piolhos, etc.) apresentam queixas de saúde,
como cefaleia e fadiga, que poderiam estar associadas a essa exposição
ocupacional a inseticidas. Investigadores (11) se aproveitaram de um
polimorfismo do gene paraoxonase-1, que produz enzimas com
capacidades diferentes para hidrolisar o inseticida organofosforado usado
em ovelhas (diazinonoxon). Eles descobriram que os agricultores

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