Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
confundidora.

Subestimativa de efeitos causais


Até agora, nossa ênfase foi em avaliar a probabilidade de explicações
alternativas para uma associação, de modo a evitar uma conclusão falsa
de que uma associação é real e causal quando ela na verdade não é. No
entanto, outro tipo de erro também é possível: o de subestimar efeitos
causais. O acaso, o viés e o confundimento podem também ser razões
para deixar passar ou subestimar uma associação.
Discutimos o acaso como motivo para se deixar de encontrar uma
associação no Capítulo 5, quando abordamos erros tipo II e a necessidade
de assegurar que o tamanho de amostra irá fornecer um poder estatístico
adequado para encontrar associações reais. Após um estudo ter sido
concluído, no entanto, o cálculo do poder estatístico não é mais uma boa
forma de quantificar a incerteza provocada pelo erro aleatório. Nesse
momento, o poder hipotético de um estudo para detectar um efeito de uma
determinada magnitude é menos relevante do que os achados
propriamente ditos, expressos como a estimativa observada da associação
(p. ex., risco relativo) e seu intervalo de confiança de 95% (17).
O viés também pode distorcer as estimativas de uma associação em
direção à ausência de efeito. No Capítulo 8, o cegamento na avaliação da
presença ou da ausência de um fator de risco em casos e controles ocorreu
para evitar o viés de aferição diferencial, que ocorre, por exemplo,
quando há diferenças entre os casos e os controles na forma como as
questões são formuladas ou como as respostas são interpretadas, que
podem levar os observadores a obter a resposta que desejam. Como os
observadores podem desejar resultados em qualquer uma das direções, o
viés de aferição diferencial pode enviesar os resultados de modo a
hiperestimar ou subestimar efeitos causais. O viés não diferencial, por
outro lado, geralmente leva a subestimar as associações.
O confundimento também pode levar a uma atenuação de associações
reais. Por exemplo, suponha que tomar café realmente proteja contra o
infarto, mas seja mais comum em fumantes. Se não houver controle para
o tabagismo, os efeitos benéficos do café podem não ser percebidos –
pessoas que tomam café podem aparentar ter o mesmo risco de infarto
que aquelas que não tomam, quando sua maior prevalência de tabagismo
Free download pdf